João Paulo: uma craque bugrino quase invisível na história. Como explicar?

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Encontre um torcedor bugrino na rua e ele saberá descrever ou recordar gols inesquecíveis de Jorge Mendonça. Aos mais antigos, tarefa fácil é reviver o gol anotado por Careca e passaporte do título brasileiro de 1978. Partidas inesquecíveis de Neto e Evair encontram-se no coração. Como ignorar as peripécias de Amoroso, Djalminha e Luizão na década de 1990? E as incontáveis jogadas de Fumagalli? Poderíamos passar a noite inteira e recordar outros nomes.

Um, no entanto, parece a vitima preferível da injustiça: Sérgio Luiz Donizetti ou mais conhecido como João Paulo. Atualmente integrado ao projeto Bugrinhos, João Paulo é um cidadão pacato, tranquilo e que esconde uma trajetória gigante dos mais jovens. Foi um atacante habilidoso, rápido e eficiente. Fez história e poucos parecem querer recordá-la. Já participou de eventos de autógrafos? Sim, verdade. Só que ele não é assunto corriqueiro nas rodas de conversas e redes sociais como outros jogadores. De modo injusto, diga-se.

Dois flash´s ficam em evidência. A primeira é do Campeonato Brasileiro de 1986. Treinado por Carlos Gainete, o então jogador de 22 anos puxava os contra-ataques e foi responsável pela assistência de boa parte dos gols feitos por Evair. Também era artilheiro. Dois gols de sua autoria ficaram marcados. Na semifinal contra o Atlético Mineiro, no dia 18 de fevereiro, o confronto estava duro e disputado. Foi quando o camisa 11 bugrino escapou em contra-ataque aos 33 minutos do segundo tempo e carimbou a passagem do Guarani a decisão contra o São Paulo.

Na final contra o tricolor paulista, uma nova jogada individual aos 03 minutos do segundo tempo da prorrogação balançou as redes e deixou o título palpável. Careca estragou os planos. A missão de João Paulo foi executada com êxito, assim como no Campeonato Paulista de 1988, em que o Guarani ficou novamente com o vice-campeonato. Teve passagens por Bari, Vasco da Gama, União São João, entre outros clubes. Com portifólio tão respeitável por que ele é quase um “craque invísivel” na história do Guarani?

Existe um motivo pessoal e outro de característica da sociedade. João Paulo é um sujeito tímido, retraído. Nunca foi dado a holofotes. Talvez a falta deste “marketing pessoal” impediu o torcedor bugrino de elevar ainda mais o seu nome.

Não podemos desprezar a falta de memória do brasileiro. Recordar craques do passado ou reverenciar os seus feitos é considerado por muitos algo menor, típico de saudosistas e sem paciência com a atualidade. Nada disso. Uma cidade, estado, país ou clube de futebol só amadurece e cresce de modo consistente se conhecer e homenagear todos os dias e horas os responsáveis pelo seu passado. Ainda há tempo de fazer o óbvio: recordar, reverenciar e nivelar João Paulo aos principais craques da história do Guarani. É justo. E merecido.

(análise feita por Elias Aredes Junior)