Análise Especial: Um dérbi que vale muito

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*Por Paulo do Valle

Se era quase impossível cravar o que aconteceria com Guarani e Ponte Preta depois do Dérbi do 1º turno, ainda na 4ª rodada, o clássico do 2º turno pode ser determinante pro futuro das equipes na série B.

Mesmo com a vitória da Macaca por 3 x 2 no Brinco de Ouro da Princesa, quem “engrenou” foi o perdedor da época. O Guarani chegou a ficar oito jogos sem perder em nove disputados, enquanto a Ponte não se encontrou, demitindo o vencedor do Dérbi, Doriva e só se reencontrou na competição com o trabalho de João Brigatti e a chegada de mais jogadores. A derrota no próximo sábado pode soar mais fatal dessa vez.

Para a Ponte Preta a derrota tem tudo pra enterrar qualquer esperança de acesso. Significaria o distanciamento do G4 no momento determinante da competição, onde veremos a separação dos homens e dos meninos.

Significa enxergar o rival seis pontos a frente, cada vez mais candidato a uma das quatro vagas. Um estrago considerável olhando apenas para a tabela de classificação.

Como um todo, a derrota no Dérbi pode consolidar uma crise entre algumas peças do elenco e a torcida. Como pode reagir o torcedor caso Danilo Barcelos fracasse no clássico?

E Orinho, que saiu gigante depois do jogo no Brinco, para sucumbir ao marasmo inexplicável? Pode ser o fim para esses jogadores que ainda não mostraram ao que vieram, mas não são peças descartáveis se tratando dos percalços que a competição disputada até dezembro pode oferecer.

Pelos lados do Bugre, a derrota pode ser fatal em comparação ao que a vitória pode oferecer ao time. Do descrédito após o 1º Dérbi, o time passou por uma recuperação discreta entre fraquejadas e renascidas. Agora, o Bugre chega para o clássico com a chance de ouro (ou de Orinho) para usar a rival como o trampolim definitivo para o maior salto que pode dar na competição.

Fora a chance de devolver ao pontepretano o gosto amargo da derrota em casa, com o estádio lotado. Festa verde no Majestoso. A redenção. O sonho de todo o bugrino. A derrota significa tudo isso indo por água abaixo. Duas derrotas na volta do Dérbi. Duas derrotas na conta de Umberto Louzer.

Uma mancha num trabalho consistente, que não merece o descrédito por isso, mas para torcedores e dirigentes pode ser fator imperdoável.

O  mesmo vale para João Brigatti na Ponte Preta. O atual treinador da Macaca goza de muito prestigio entre os pontepretanos, mas por algum motivo não muito claro, ainda não caiu no gosto da diretoria.

Só isso explica o fato de Brigatti  não ter sido oficializado no cargo COM PALAVRAS, sendo que os números são inquestionáveis. A vitória no Dérbi seria o carimbo definitivo de competência que só quem manda no Majestoso não quer enxergar (e não me venham com o papo de “todo técnico é interino”. Pelo menos vamos fingir que o futebol é realmente levado a sério por dirigentes).

A Derrota pode significar o oposto. Abriria a brecha para soluções emergenciais, como gostam os dirigentes, para dar o famoso “último choque” que quase sempre não dá em nada.

O Dérbi campineiro por si só já é um jogo cheio de temperos especiais. A situação dos times deixa a partida de número 192 entre as duas equipes ainda mais apimentada. A série B nunca esteve tão fácil para quem quer subir.

Guarani e Ponte brigando na parte de cima da tabela, depois de algumas turbulências dos dois lados, são exemplos disso. Apesar da facilidade, dificilmente haverá vaga para os dois dentro do G4. A vitória no sábado tem tudo pra ser o passaporte do sucesso para o vencedor. A derrota um convite pra crise.

O Dérbi 192 já começou. Quem será o Orinho ou o Nazário da vez? Quem será o Medina ou o Gigena do jogo? Quem vai tripudiar do rival?  As cartas estão na mesa. E tem muita coisa em jogo.

*Paulo do Valle é jornalista, fundador do Só Dérbi e atualmente atua como âncora da Rádio Central de Campinas