Orinho, Brigatti, Giba Moreno e o casamento do futebol campineiro com a mediocridade e a limitação intelectual

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Como existe incapacidade de compreensão de texto por parte de alguns torcedores dos dois times campineiros e sobra incitação à violência verbal e física contra profissionais de imprensa resolvi continuar o assunto do dirigente Giba Moreno.

Para começar: é lógico que foi condenável a atitude de Orinho ao final do dérbi do primeiro turno – declaração infeliz e máscara no gol -, assim como a postura de alguns dirigentes pontepretanos no camarote do Brinco de Ouro, como relataram alguns torcedores bugrinos a este jornalista.

É óbvio que, por ocupar um cargo dentro da estrutura da Ponte Preta, o técnico João Brigatti não deveria apelar para provocações à torcida do Guarani, mesmo que fosse auxiliar técnico. Se estivéssemos em um país decente ele seria punido exemplarmente. Correto? Entenderam? Preciso desenhar? Não, não preciso.

O que alguns torcedores dotados de espírito ditadorial e violento não entendem é que tanto de lado como de outro demonstram como o futebol de Campinas apequenou-se. Ficou pior do que provinciano. Detalhe: parte de culpa nossa, da imprensa, que preferimos abordar o futebol com brincadeirinhas ou torcida inconsequente ao invés de fazer jornalismo sério.

Sou tempo em que técnico da Ponte Preta era Cilinho e Zé Duarte e eram conhecidos por suas estratégias, táticas, escalações mirabolantes e nunca por causa de provocações a torcida rival. Aliás, eles tinham respeito pelo rival. Sou da época em que Dicá, Odirlei, Rui Rei, Marco Aurélio e Vanderlei Paiva ganhavam fama e respeito da torcida não por causa de declarações polemicas, e sim pelos  seus gols e jogadas.

O mesmo conceito vale para a torcida do Guarani. Sério que alguns de vocês celebraram a atitude de Giba? Sério que é válida a postura de alguém que assim como Brigatti e Orinho incitou um clima bélico?

Sinto lhe dizer, mas você perdeu referência até do que é o Guarani. Dirigente no Guarani tinha reconhecimento quando crescia o patrimônio como Jaime Silva; ou quando fazia um trabalho sólido como Leonel Martins de Oliveira na década de 1979; ou dava respaldo para um treinador jovem ser campeão brasileiro como Ricardo Chuffi; ou quando surpreendia o mundo do futebol e formava um ataque com Djalminha, Amoroso e Luizão, como fez Beto Zini na década de 1990.

Depois de todos esses fatos você acha realmente que Giba Moreno te representa por causa de um mísero cartaz? Você acha mesmo que isto traduz o tamanho e a grandeza do Guarani? É isso que traduz um clube campeão brasileiro, da Taça de Prata e que já disputou Libertadores? Isso não é contentar com pouco?

Ao invés de ficar maluco e ter vontade de agredir jornalista, será que o ideal não seria você verificar o estado em que deixaram o clube nos últimos 20 anos? Ou você está acostumado com a incompetência?

Enquanto pontepretanos e bugrinos brigam por causa de temas ridículos e patéticos, vemos os dois clubes definharem no seu quadro social, padecer de infra-estrutura decente no departamento de futebol e lutarem para ficarem no grupo de classificação da Série B. Antigamente ninguém aceitava que ficava fora do G10 da Série A.

Você, bugrino ou pontepretano, não sabe, mas ao aplaudir atitudes como essas de Brigatti, Orinho e Giba Moreno só reforça o estereótipo formado no Brasil em relação aos dois clubes de Campinas: a de que não saímos da década de 1970 e que nos acostumamos com a mediocridade, incompetência e limitação intelectual. Tanto de um lado como de outro. Uma pena.

(artigo escrito por Elias Aredes Junior)