O torcedor do Guarani está impaciente. Quer ver o time dentro do grupo de classificação. Está inconformado com os 38 pontos e a sexta colocação. Lamenta as chances perdidas e pontos bobos desperdiçados. Ao olhar na tabela com mais critério, as respostas chegam a jato. Sem rodeios: o segundo turno bugrino decepciona.
No primeiro turno, apesar da derrota no clássico para a Ponte Preta, o time treinado por Umberto Louzer terminou na quinta posição com 29 pontos, um ponto abaixo do Atlético-GO, o quarto colocado e também do Vila Nova, que era o terceiro. CSA com 34 pontos e Fortaleza com 37 completavam o pelotão.
Vem o segundo turno e após sete rodadas, a equipe bugrina está na 13ª colocação com nove pontos ganhos, dois a frente do Brasil de Pelotas, que abre o Z4 do returno. Um desempenho que, aliás é semelhante ao começo do turno inicial, quando nas sete primeiras rodadas o Guarani tinha 10 pontos e estava na décima posição. Naquela ocasião, a torcida tinha paciência com Umberto Louzer. Agora, os humores estão azedos e amargos. O que aconteceu?
Os erros de escalação e substituição de Umberto Louzer não explicam totalmente. Como técnico iniciante, ele cometeu equívocos na Série A-2 e a torcida teve paciência para aguardar o desfecho positivo. Repito: o que aconteceu?A pergunta que ecoa diante da constatação que o Guarani fez contratações e sobreviveu ao derbi do returno. Tudo isso deveria conceder paz e tranquilidade pois, apesar do returno ruim, o sonho do acesso permanece.
Boa parte do tumulto na direção de Louzer pode ser creditada ao Conselho de Administração. Primeiro por apresentar de maneira atabalhoada a proposta de terceirização. Criou uma cizânia no clube e provocou um racha político, apesar de veladamente. Faça uma comparação com uma empresa familiar. Se conflitos existirem a paz será idêntica? A briga dos irmãos e sócios não afeta a produtividade dos trabalhadores? Inúmeros exemplos existem por aí.
A campanha do returno é decepcionante mas a própria dinâmica do campeonato demonstra em anos anteriores o espaço para recuperação. Desde que ocorra respaldo da diretoria, em acreditar no trabalho, de proporcionar boas condições de trabalho e ter uma filosofia de futebol.
Nestes períodos de turbulência, quantas vezes Palmeron Mendes Filho ou algum componente do Conselho de Administração externou apoio enfático a comissão técnica? Quantas vezes assuntos como melhoria de estrutura ou medidas paliativas foram abordados? Quando os resultados são decepcionantes, é muito mais fácil fritar o treinador, deixar de dar apoio e ignorar suas necessidades do que ir na linha de frente e bancar uma linha de trabalho.
Na atual conjuntura do Guarani, a solução não é adotar atalhos e sim passar a construir uma linha de trabalho para gerar frutos em médio e longo prazo.
O torcedor vai reclamar? Essa é a sua função. Imediatismo é o lema. O dirigente, porém, precisa ter visão de futuro e saber onde quer chegar. De tanto pensar em botar alguém para cuidar do futebol, o Conselho de Administração esqueceu que a sua função é planejar e executar as diretrizes do departamento de futebol profissional que deseja entregar. Nesta guerra surda, a comissão técnica é ferida. E poucos percebem o quanto o próprio Guarani é atingido.
(análise feita por Elias Aredes Junior)