Ponte Preta: na busca da verdade é urgente dar espaço para todas as vozes

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Invariavelmente este Só Dérbi é acusado por partidários do presidente de honra Sérgio Carnielli de dar ouvidos apenas a oposição. Que damos um destaque exacerbado para notícias que são de interesse daqueles que desejam ver o atual grupo político fora do estádio Moisés Lucarelli. Vou aproveitar este espaço para colocar luzes sobre um fato inequívoco: apenas projetamos para a opinião pública aquilo que era ignorado anteriormente.

Convenhamos: vozes dissonantes sempre existiram dentro da torcida pontepretana. A questão é que, por anos e anos, o presidente de honra, graças aos seus feitos no início de gestão, foi colocado no status de ser divino e infalível. Não falhava. E não era culpado por nada de ruim que acontecia dentro do Majestoso. Mesmo as pessoas que o cercavam também era blindadas pelo argumento do acaso. Foi rebaixado para a Série em 2013? Culpa do Jorginho e de Márcio Della Volpe que colocaram peso na Sul-Americana? Caiu no Brasileirão de 2017? Foi o acaso, os infortúnios do futebol. Ninguém era culpado. Todos eram perfeitos.

Ao mesmo tempo, a partir do ambiente interno, os dirigentes manipulavam o noticiário para que as vozes oposicionistas fossem caladas. Pense e reflita um pouco: Peri Chaib não tem nada a dizer do atual momento? Marcos Garcia Costa? E Marco Antonio Eberlim? Suas possíveis criticas não tem valor? E o Grupo Tudo pela Ponte Nada da Ponte? Deve ser ignorada?

Isso não quer dizer que tais personagens também não contenham defeitos e equívocos. É do ser humano. Eberlim, por exemplo, para muitos torcedores e integrantes da atual direção tem um perfil autoritário e que não concedia espaço para troca de ideias e opiniões no futebol. Marcos Garcia Costa, por sua vez, teve chance e não teve êxito ao comandar o futebol. Nivaldo Baldo, com suas ideias excêntricas, teria colaborado em 1996 para conturbar o ambiente do clube.

Não ignoro nenhum desses dados. Nenhum. Mas é preciso saber o que eles pensam e o que desejam para a Ponte Preta. Democracia e liberdade de expressão não quer dizer apenas ouvir e estabelecer um lado como proprietário da razão. É preciso ouvir todos, uma característica presente nas reportagens do Só Dérbi.

Seria suicídio ignorar quem quando tudo parecia calcado em cima de fatos concretos, o tempo tratou de desmanchar tudo no ar. Vamos trocar em miúdos: durante todo o seu mandato o ex-presidente Vanderlei Pereira afirmava com firmeza e autoridade que as contas da Ponte Preta estavam em dia. O Conselho Deliberativo batia palmas e uma parte da torcida considerava que o clube estava no caminho.

Eis que a temporada de 2017 é encerrada e o novo presidente José Armando Abdalla Júnior não tem medo em revelar a existência de déficit e de contas a pagar. E aí? Uma situação grave dessa a oposição não deve ser ouvida? Conselheiros independentes não podem opinar? Porque apenas a visão de Carnielli e Vanderlei deve prevalecer? Não, não é correto.

É preciso ouvir a todos, abrir espaço ao diálogo. E o jornalismo bem feito é instrumento fundamental. Não só para revelar aquilo que é ignorado como também buscar a verdade por intermédio da abertura a todas as vozes.

A Ponte Preta, um clube democrático por essência na sua história não pode prescindir de algo tão básico. E os portais como o Só Dérbi, antes de pensar em dinheiro, projeção, audiência e vaidades, pode e deve colaborar para que isso vire realidade.

(análise feita por Elias Aredes Junior)