Ódio incontrolável. Fanatismo desmedido. Sérgio Carnielli não sai de cartaz. Até que ponto isso prejudica ou beneficia a Ponte Preta?

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Sérgio Carnielli não sai de cartaz. Seja para criticá-lo ou elogiá-lo. Dia após dia, mensagens privadas e nas redes sociais do Só Dérbi colocam o assunto na berlinda. Uns acham que este portal e seu responsável colocam o empresário no crucifixo. Outros alardeiam que poupamos o personagem, que deveria ser ainda mais criticado e desnudado perante a opinião pública. Nem uma coisa e nem outra.

Sérgio Carnielli é um ser humano como outro qualquer. Não é Deus, divindade, mito ou figura fora de alcance. Teve acertos e cometeu erros. Assim como fizeram Edson Aggio, Lauro Moraes, Nivaldo Baldo, Marcos Garcia Costa, Pedro Antonio Chaib, entre outros presidentes. A verdade é que existe uma idolatria cega em torno dele e um ódio patológico. No fundo, quem perde é a Ponte Preta pelos dois extremismos.

Quem é ponderado verá sua importância no final da década de 1990 e no inicio do Século 21, especialmente na construção de times competitivos no período de 1997 a 2001. Detalhe: sempre com o auxilio de Marco Antonio Eberlim, na época responsável pelo futebol. Porque não se apaga a história.

Assim como ele foi protagonista, também não podemos esquecer que no ano de 2003, quando Abel Braga desdobrou-se ao lado de Eberlim para deixar o time em pé e evitar o rebaixamento no Brasileirão quem era o presidente? Sim, porque ele era o responsável e salários estavam atrasados. Motivos fora do roteiro devem ter acontecido para que ele não cumprisse o combinado. Talvez nem fosse culpado. O fato era de que a responsabilidade era sua. E aí? Vou considerá-lo mocinho? Vilão? Só não posso apagá-lo e fingir que ele não existia.

Após os anos medianos de 2004 e 2006, o rebaixamento veio em 2006. E de 2007 a 2010 a Ponte Preta amargou a Série B. Torrou milhões em contratações duvidosas, outras de boa qualidade e viu a divida com o mandatário explodir. Saldo: nada de acesso. Fracasso. Como posso apagar esta falha de gestão de Carnielli? A divida de R$ 110 milhões não deixa a gente esquecer. Esse montante é o rescaldo de sucessivos problemas acumulados.

Da mesma forma, no final de 2010, Carnielli teve a sabedoria de entregar o futebol nas mãos de Miguel Di Ciurcio e Márcio Della Volpe. Junto Niquinho Martins formaram em 2011 um time barato e eficiente e chegaram a divisão de elite nacional. No mesmo ano, o maior baque: o seu afastamento decretado pela Justiça em virtude de problemas na autoria do balanço financeiro.

Brigas, discussões políticas e vem o ano de 2013. De um lado Sérgio Carnielli; do outro, Della Volpe, Jorginho e a torcida que queria um título e via na Sul-Americana como o pote de ouro almejado. Carnielli virou vilão. Pelo menos para alguns.

Nos anos seguintes, entra ano, sai ano e o presidente de honra fica nas manchetes. E seja qual for a noticia as reações são destemperadas: ou o ódio desmedido ou o fanatismo cego de querer tratá-lo como um Deus.

Talvez seja melhor encarar a realidade: Carnielli acertou, errou, produziu vitórias, protagonizou derrotas e como toda pessoa em posição de destaque angariou fãs e detratores. Toda história tem começo, meio e fim. Carnielli, em seus pensamentos, deve considerar que, mesmo a distância sua contribuição ainda é decisiva, algo que comungam seus fãs e súditos. Os seus inimigos políticos consideram que já passou da hora. Seja qual for a resolução do destino, que ninguém tire de foco o principal: Carnielli ou qualquer pessoa jamais será maior do que a Associação Atlética Ponte Preta.

(análise feita por Elias Aredes Junior)