Irregularidades no Guarani: Gleguer e Horley Senna merecem receber amplo direito de defesa. Nada de assassinar reputações ou pré-julgamentos!

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O jornalismo relata histórias de reportagens que mudaram o curso da humanidade. Jornalistas do Washington Post investigaram desdobramentos da invasão de uma sala do Partido Democrata na capital federal e abriu espaço a renúncia do presidente Richard Nixon. No Brasil, o trabalho da imprensa foi fundamental para recolher provas e fatos contra o então presidente Fernando Collor, que acabou impedido.

O futebol não fica atrás. A Revista Placar entrou para a história ao desvendar a Máfia da Loteria Esportiva em uma série de reportagens de Sérgio Martins. André Rizek, por sua vez, fez parceria com Thays Oyama para desvendar a manipulação de resultados por árbitros no Brasileirão de 2005.

Há também o lado obscuro e o caso mais emblemático é o da Escola Base, em 1994, cujo os proprietários foram acusados de um crime que não cometeram: abuso sexual contra crianças.

Relembro todas essas episódios para relatar algo simples e direto: a imprensa campineira (este Só Dérbi incluído) e em âmbito nacional precisa adotar uma atitude responsável e equilibrada na investigação das irregularidades no Guarani reveladas pelo Blog do Paulinho e que colocaram na linha do Furacão tanto o ex-presidente Horley Senna como o ex-goleiro Gleguer Zorzin.

A reportagem é impecável. Mas isso não autoriza qualquer assassinato de reputação contra os envolvidos. É preciso conceder amplo e total direito de defesa as pessoas arroladas. E isso tem que ser na prática. Sem melindres. Tempo, espaço e abertura na Justiça e nas instâncias internas do Guarani para que ambos deem suas explicações. Esperar o tempo necessário para que os documentos sejam levantados e que ocorra a abertura do contraditório. Lógico, sem perder de vista que a reportagem divulgada por Paulinho mostra dados importantes, como o depósito feito na conta do ex-goleiro, que revelou a execução de dois depósitos feitos ao Guarani para repor o dinheiro. E se Gleguer considerar que há necessidade de novas explicações e apresentações de documentos a opinião pública isto deve ser concedido. Não pode, em hipótese nenhuma, ocorrer um massacre em praça pública seja contra Horley Senna ou Gleguer.

Em tempos de sensacionalismo, artificialismo e pré-julgamento, sei que muitos não vão gostar do teor deste artigo. Paciência. Democracia é feita antes de tudo com ponderação, justiça e abertura para que todos possam se explicar e se expressar. E se tal justificativa for convincente que aconteça a devida retificação ou punição, caso todos os dados ratifiquem aquilo que foi levantado pela reportagem.

Horley Senna e Gleguer Zorzin devem explicações sim á torcida do Guarani. Mas tais explanações devem ser ouvidas com respeito, calma e ponderação. Apedrejamento seja virtual ou em praça pública não deve ser feito por ninguém. Justiça é, antes de tudo, não pender para nenhum lado antes das conclusões. É isso que se espera deste caso tão intrincado.

(análise feita por Elias Aredes Junior)