Um gol e uma declaração de amor à Ponte Preta: Vinicius e o futebol que sonhamos

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Madrugada de domingo. Roberto Rivelino na ESPN. Entrevista para o Bola da Vez. Ao explicar sua saída do Corinthians, em 1974, disse que chegou a pensar em parar de jogar futebol. Não se imaginava em outro lugar que não fosse o Parque São Jorge. Seu clube do coração. Jogava para dar melhor condição de vida aos familiares. Também pela camisa. Amor incondicional.

Pegue a máquina do tempo. Volte para o final da tarde de sábado em Barueri. Pênalti para a Ponte Preta. Final do jogo. Hugo Cabral bate e o goleiro defende. Vinicius, criado nas categorias de base da Macaca, aproveita o rebote e faz. Alegria. Êxtase. Primeiro gol como profissional e no clube do coração. A gratidão é traduzida em palavras. “É gratificante. Há três anos optei pela Ponte, e foi a melhor coisa da minha vida. Aprendi a amar esse clube, hoje sou pontepretano, assim como toda minha família. Fazer um gol pelo time do coração não tem preço”, disse o repórter Gustavo Biano da EPTV.

Um craque eternizado e um garoto em busca do olimpo. Um teve tudo aos seus pés e outro batalha por um lugar ao sol. Qual a conexão? Rivelino descreve um comportamento que era comum, rotineiro. Os jogadores tinham suas ambições mas reservavam um espaço na alma para acalentar suas paixões genuínas e geralmente juraram amor eterno. Ou você consegue imaginar Roberto Dinamite no Brasil sem a camisa do Vasco? Ou Zico sem a do Flamengo? Ou de Dicá que não seja a da Ponte Preta?

Em pleno 2019, em um futebol individualista, interesseiro, capitalista e superficial, Vinicius foi na contramão. Teve coração, sentimento e empatia por uma coletividade. Demonstrou que não está só de passagem. Está no campo não só para defender o seu futuro, mas o presente de uma coletividade fanática.

Um gol, uma entrevista, uma comemoração. Vinicius nos avisou que o futebol ainda vale a pena. Apesar de nos afirmarem o contrário.

(Elias Aredes Junior)