O time do Guarani é fraco. Limitado. Marca poucos gols, encontra-se ainda desordenado taticamente e em muitos momentos não existe brilho individual algum. O que não falta são atletas que decepcionam como o armador Arthur Rezende e Vitor Feijão. Em condições normais, será rebaixado à Série C. Infelizmente. Só que existe uma luz no fim do túnel. Não pode ser desprezada.
Pegue o gol feito por Igor Henrique. Repare na comemoração dos jogadores. Ali não existia uma celebração de gol. Foi o estabelecimento de um pacto. Todos os jogadores, reservas e titulares, vibraram. Não foi cada um para o seu canto como vi em muitos momentos do Guarani.
O que aconteceu? Tenho uma dedução. Nos últimos dois dias, o técnico Roberto Fonseca deu entrevistas e foi obrigado a comentar sobre a entrevista explosiva do presidente Palmeron Mendes Filho. Antes da partida, ele disse: “Todos nós, os comandantes, temos que ter muito discernimento do que a gente fala nesse momento. Ter uma conduta, um caminho daquilo que nós queremos. A gente sabe que o Guarani oscilou e tem oscilado desde o começo do ano. E, claro, como comandante a pressão é sempre maior. É uma coisa normal. Existe só um caminho: trabalho”, afirmou. Ou seja, indiretamente criticou a fala do dirigente bugrino e enviou uma mensagem aos jogadores: “o que ele fez não foi correto. Estou junto com vocês”
Após o jogo, Roberto Fonseca complementou a análise e com a vitória no bolso. “Vou ser sincero, jogador que está maduro, que trabalha e tem vergonha na cara sabendo que está trabalhando não atinge. O mandatário tem toda a autonomia e tem realmente que cobrar porque ele é cobrado, nós temos que saber aceitar a cobrança porque praticamos futebol, quando você ganha é fácil aceitar críticas, quando você perde também vai passar por isso, eu acredito que são coisas que fazem parte, nós temos que saber assimilar, levar pra dentro de campo independente de cobrança ou não, isso é uma coisa natural dentro do futebol”, disse.
Conclusão: os fatos e os cenários dão todos os sinais de que Roberto Fonseca aproveitou o episódio para fechar o grupo e trabalhar em torno de si e comissão técnico. Já diziam que jogador de futebol joga por alguém (técnico, dirigente) ou por algo (dinheiro). Como o dinheiro anda escasso no Brinco de Ouro, dá para concluir quem é o novo ídolo do vestiário do bugrino.
Pode dar certo? Não sei. Mas é inegável que Roberto Fonseca soube aproveitar a oportunidade oferecida pelo destino.
(Elias Aredes Junior)