Análise- Abdalla: não fique chateado com o Só Dérbi. Fique inconformado com a (má) qualidade de sua gestão na Ponte Preta

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Não existe nada pior do que ocupar um cargo relevante e você negar a realidade. Criar um mundo paralelo que só existe na sua mente. Cheguei a tal conclusão quando fui nesta quarta-feira ao Centro de Treinamento do Jardim Eulina pertencente a Ponte Preta para captar entrevistas para produção do Brasil Esporte Clube da Rádio Brasil.

Após o papo com Diego Renan este colunista teve uma conversa com o executivo de futebol Gustavo Bueno. Criticado de modo veemente por diversas vezes neste espaço. Mas sabe compreender e me dirigiu um tratamento respeitoso e um debate de alto nivel.

Posteriormente, fiquei sabendo que minha presença detonou um comportamento diferenciado do presidente José Armando Abdalla Junior. De inicio, ao abrir o portão que separa a administração do CT da área de convivência da imprensa, o dirigente fechou rapidamente o apetrecho e retirou-se do ambiente. Depois passou com cara de poucos amigos, apesar do cumprimento respeitoso e educado. Depois, na saída o mesmo semblante fechado e uma despedida protocolar. Profissionais que cobrem o dia a dia asseguraram que ele nunca ficou tão distante da imprensa em uma atividade como na de quarta-feira.

Relatei este episódio para relatar que os dirigentes do futebol campineiro padecem de idêntico defeito: não aceitam criticas e tampouco aceitam que suas gestões estejam no estágio da decepção.

Este Só Dérbi recebeu tratamento idêntico de Horley Senna, Palmeron Mendes Filho, Vanderlei Pereira, Sérgio Carnielli e agora Abdalla. Todos negam, mas no fundo querem um jornalismo adesista e bajulador. Uma pena.

Sejamos sinceros: como podemos elogiar a gestão de José Armando Abdalla no futebol? De que forma? Nas temporadas de 2018 e 2019 o que não faltou foi troca de treinador: Eduardo Baptista, João Brigatti, Doriva, Marcelo Chamusca, Gilson Kleina, Mazola Junior, Jorginho e agora Kleina. Como conseguir bons resultados com tamanha instabilidade de gestão?

Não podemos esquecer ainda que, desde a licença de Ronaldão, o clube não tem um diretor de futebol estatutário. Pergunta: dá para aprovar isso?

Será que Abdalla acha normal efetuar 15 rescisões de contratos de jogadores em plena Série B do Campeonato Brasileiro? E as brigas políticas que impedem a realização de reuniões do Conselho Deliberativo? Ele queira ou não, é o chefe da diretoria executiva. Mesmo que indiretamente tem culpa no quadro.

Ele pode argumentar que não perdeu nenhum clássico para o Guarani. Ok. Mas o que são vitórias em jogos isolados diante da perda de cotas de televisão que podem chegar a R$ 50 milhões?

Com todo o respeito eu digo: Abdalla não fique chateado com o Só Dérbi ou com qualquer jornalista que lhe venha criticar. Fique inconformado com a qualidade de sua gestão, que poderia ser muito, mas muito melhor. No fundo, até você sabe disso.

(Elias Aredes Junior)