Logo após o empate sem gols contra o Guarani, a Ponte Preta postou em sua página oficial uma foto do presidente da diretoria executiva, o Tiãozinho, com o ex-presidente Sérgio Carnielli. Na sua primeira entrevista coletiva, o novo mandatário fez questão enviar afagos ao ex-dirigente e indiretamente deixou claro que não haverá pudor em pedir socorro em casos de urgência.
Se José Armando Abdalla Junior teve o mérito de querer andar com as próprias pernas, mas pecou bisonhamente ao bancar uma gestão que flertava com o improviso, é possível dizer que os novos dirigentes pontepretanos abraçam o atraso e param no tempo do futebol ao pedir “benção” ao ex-presidente.
Tiãozinho fez mil e um juramentos de modernidade e gestão do século 21. Só que no minuto seguinte atrelava tudo ao nome de Carnielli. Lembrete: de 2007 a 2010 cuidou diretamente do futebol, avalizava contratações e dispensas e só colheu fracassos. Retumbantes.
Qual a saída? Mesmo que Carnielli não queira, ainda que Tiãozinho renegue, o futuro do futebol brasileiro está na instalação de fundos de investimentos para cuidar dos departamentos de futebol e das categorias de base.
Instituições nacionais ou estrangeiras, com corpo diretivo competente e moderno, sem bravatas e que busquem construir resultados de médio e longo prazo. De certa forma, isso é o que pretende fazer o Botafogo carioca. A família Moreira Sales deu assistência, mas a meta é fazer o clube andar com as próprias pernas. Sem personalismos.
Outra saída é a gestão radicalmente profissionalizada, sem personalismos, beija mão e que busca resultados. O Bahia, por sua vez, já colhe os frutos. De acordo com o jornalista Rodrigo Capelo, há cinco anos o endividamento do tricolor baiano correspondia a 2,3 vezes a arrecadação. No ano passado, essa relação caiu para 1,3 em 2018. Quem fez isso na Ponte Preta? Nos últimos 20 anos, ninguém.
Modelo para Tiãozinho é Athletico-PR e Mário Celso Petraglia? A duvida é saber se vai seguir ou o homem ou o método.
Porque assim como Carnielli e todos nós, um dia Petraglia não estará mais aqui. Seria de bom tom mudar para valer. Sem messianismos. Já basta aquilo que vemos na política brasileira.
(Elias Aredes Junior)