Jesualdo Ferreira é o guru de profissionais como Jorge Jesus e José Mourinho. Foi campeão nacional pelos três gigantes portuguesa, Benfica, Porto e Sporting. Veio para o futebol brasileiro, incentivado pelo sucesso do compatriota no Flamengo.
Não esperava ter tanto trabalho. Perdeu para o Corinthians e teve uma declaração infeliz. E colocou a Ponte Preta no balaio. De modo pejorativo. “”A vida do clube não acabou hoje. Temos um caminho longo. É um clássico, mas seria exatamente igual se tivéssemos perdido para outra equipe. O Corinthians perdeu a semana passada para uma equipe da segunda divisão. Não morreu ninguém, olha o estádio hoje cheio. Isso é o futebol, o vosso futebol. Futebol também é relacionamento, conversa, entendimento fora do campo”, afirmou o técnico.
Pisou feio na bola. Além do tom jocoso e de desprezo, Jesualdo não demonstrou conhecimento da história da própria Ponte Preta. Definitivamente, uma equipe não é com perfil de segunda divisão se ela foi a primeira do interior brasileiro a participar do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 1970; que estava presente na despedida de Pelé dos gramados no dia 02 de outubro de 1974; reconhecidamente um time centenário e uma das primeiras a abrir espaço a jogadores negros no Brasil.
Está na Série B? Verdade. Mas uma equipe que participou em 11 das 19 edições de divisão principal do futebol brasileiro neste século está longe, muito longe de merecer a alcunha colocada por Jesualdo Ferreira. Isso sem contar a participação em final de Copa Sul-Americana e Paulistão. Resumo: Faltou empatia. Tato. Conhecimento histórico.
Não condeno totalmente o treinador português porque sua atitude blasé em relação a Ponte Preta é algo comum presente no atual futebol brasileiro. Para os 12 gigantes, tudo; aos demais, o esquecimento.
Para agremiações como a Ponte Preta, a saída (talvez a única) é gritar e espernear contra este tipo de injustiça. Batalhar com todas as forças para que sua trajetória seja respeitada, seja por quem quer que seja.
(Elias Aredes Junior)