Escrevo de frente para o espelho. Um levantamento realizado sobre a preferência clubistica dos profissionais de imprensa em Campinas produziu reflexões. Falo a respeito dos desafios colocados para os próximos anos.
Se os clubes campineiros precisam iniciar um processo de reformulação profunda em suas estruturas e de novos conceitos para encarar um mercado cada vez mais concentrado, no caso daqueles que acompanham os acontecimentos dentro das quatro linhas o desafio é outro. A necessidade é oferecer qualidade para um público cada vez mais diversificado.
A imprensa vive de audiência. Jogos inesquecíveis. Programas quentes e polêmicos. Furos de reportagem. Será que somente isso basta? Não falhamos? Se temos uma proximidade tão grande com tais agremiações a ponto de escolher um deles como time do coração o desafio é quebrar paradigmas e fugir de vícios perigosos. Fazemos tal procedimento?
Não basta dizer que a Ponte Preta tem uma divida monstruosa com Sérgio Carnielli. Devemos explicar, pormenorizar, contextualizar e refletir porque a situação chegou a tal estágio. Mesmo caso do Guarani e sua infindável crise financeira. A dura realidade: falhamos formar a opinião pública.
Temos medo e receio de afugentar o público com temas “chatos”. Desconhecemos que tais fatos, uma hora ou outra, afetam o gramado. Deveríamos informar, formar, refletir e ouvir o torcedor consciente, aquele que pede uma vigilância forte da imprensa.
Nós, cronistas esportivos, não devemos nos comportar como torcedores na hora do nosso trabalho. Temos é que nutrir empatia por ele.
Saber o tamanho do sacríficio feito por quem senta na arquibancada. As vezes a renúncia até de colocar a comida na boca dos filhos para empurrar 11 jogadores rumo a vitória. Este torcedor merece consideração, respeito. Entender o seu sofrimento e frustração nas derrotas é o passo inicial para realizar uma análise correta e que esteja antenada com o verdadeiro espirito jornalístico.
Temos quase 80 profissionais que atuaram ou trabalharam recentemente na imprensa esportiva campineira. Assim como a cidade, estão divididos no exercício do amor de paixões centenárias. É preciso juntar forças para que o jornalismo seja instrumento de melhoria de duas instituições que merecem dias melhores.
(Elias Aredes Junior)