Em uma sociedade marcada pela violência continuo com a tese de que jornalista esportivo deve preservar sua integridade física e em hipótese nenhuma revelar o clube de sua preferência.
A passionalidade que campeia o comportamento do torcedor de futebol faz com que a discordância de uma análise descambe para consequências imprevisíveis.
Então qual a utilidade de realizar um levantamento sobre a escolha clubistica dos profissionais de imprensa da cidade? Não é difícil de adivinhar. Ao verificar os números percebemos que a imprensa esportiva campineira mudou e seguiu a sociedade brasileira. Ter dois times, por exemplo, não é pecado. Os cronistas lidam bem com o quadro. A torcida não. Infelizmente.
Nas décadas de 1970 e até inicio de 1980, o corriqueiro era verificar cronistas esportivos nascidos ou criados em Campinas como majoritários. Conheciam como poucos a alma e as características dos torcedores.
Cito como exemplo Zaiman de Brito Franco, jornalista que desfilou seu talento no jornal e no rádio e Walter Paradella, que por vários anos foi o ancora do “Notícia na Manhã” na CBN, repórter da Rádio Cultura e comandante da Rádio Brasil. Zaiman é pontepretano. Paradella nunca escondeu sua predileção pelo Guarani.
Por que? Talvez porque os torcedores mais fanáticos reconheciam neles o típico DNA campineiro. São talentosíssimos e recebiam o plus da identificação. E foram artificies de uma maneira de influenciar a opinião pública campineira e cujo Largo do Rosário era a grande arena de debates.
Hoje, tudo mudou. A chegada de estudantes e profissionais de diversas partes do interior do estado e até do Brasil modificaram a imprensa campineira. Garotos hoje nutrem o zelo de se informarem não só dos times de campinas, mas também da capital e do exterior. O espirito cosmopolita se choca com o espirito conservador e por vezes sem visão presente nos dirigentes e em parte da torcida. Que está presa no passado.
É preciso que a busca de um futebol campineiro moderno, competitivo e destemido seja acompanhada de uma ruptura com os vícios do passado e a absorção dos novos conceitos que são apresentados pela nova geração de jornalistas esportivos. Gente antenada com as necessidades do futebol atual. E que precisam de desfrutar de espaço.
Campinas precisa andar para frente. E seu futuro abrir espaço para novas ideias e conceitos presentes em cronistas esportivos que arejam o ambiente e desejam apenas o exercício de um jornalismo critico e independente. A hora é agora.
(Elias Aredes Junior)