Felipe Conceição: críticas e análises ok. Mas é justo crucificar quem já produziu tanto no Guarani?

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Analisar o futebol tem dissabores, mas é prazeroso quando análises bem fundamentadas são enviadas. Principalmente quando é para discordar dos conceitos que emito.

Reproduzo aqui o que disse para mim um ex-dirigente do Guarani e que prefiro deixar no anonimato. “Pela primeira vez não concordo com sua análise. Felipe Conceição arrebentou com time nas alterações . E não perdemos por um milagre no final. Não dá pra entender a insistência com Rickson e Giovanny .”, disse o ex-cartola, que foi além: “Tirar o capitão do time a três minutos do final do primeiro tempo arrebenta com qualquer grupo …. Jogador de futebol é corporativista. Espera o intervalo ! Ou troca ou reposiciona o time!”

A abordagem é preciosa e merece um aprofundamento. Decidi há muito tempo que não cabe a mim decidir se considero que time deve jogar de modo A ou de modo B. Eu tento verificar a proposta do treinador e aquilo que ele pode fazer para melhorar o rendimento do time titular. Dentro da sua proposta.

Na média, o time do Guarani tem limitações. Problemas que foram ainda mais escancarados com as ausências de Junior Todinho, Pablo, Romércio, Bruno Sávio, todos por Covid-19. Se futebol é um quebra cabeça, o Guarani não tinha um bom finalizador, um lateral versátil e um atacante com boa capacidade de abrir espaços aos companheiros.  Ou seja,  o Guarani já foi para o gramado com o cobertor curto.

Jogo ao vivo e percebe-se que a Ponte Preta não estava apostando na técnica e sim na voluntariedade. Por isso a entrada de Rickson.

Dentro da proposta de jogo de Felipe Conceição, o que não deu para entender foi a ausência de Rafael Costa. Finalizador nato, ele seria um belo contraponto para enfrentar os zagueiros Luizão e Wellington Carvalho. Especialmente por sua agilidade para concluir com a bola no chão.

No segundo tempo, Felipe Conceição tentou ganhar o jogo pela imposição física, pelo melhor rendimento da equipe no gramado. Por isso as entradas de Giovanny e Eliel, atletas mais descansados. Não deu certo pela qualidade técnica dos acionados e a Ponte Preta teve a porta escancarada para ganhar. Excetuando-se Arthur Rezende e Rafael, qual opção do banco poderia fazer diferença? Cristóvam? Caio? Giovanny?

Se o Guarani estivesse com todos os jogadores à disposição, é evidente que o nível de cobrança seria outro. Se levarmos em conta todos os desfalques não há como negar: o Guarani jogou com os trunfos que tinha em mãos.

Felipe Conceição erra? Evidente que sim. Mas não dá descontar frustração de um resultado em cima de quem fez muito com pouco.

(Elias Aredes Junior- foto de Thomaz Marostegan-Guaranipress)