Muitos consideram que aprecio de ser estraga prazeres. Nada disso. Só considero a transparência o melhor caminho. Recebi cumprimentos de várias pessoas pelo Dia do Jornalista neste dia 07 de abril.
Não tem o que comemorar, especialmente entre nós, jornalistas esportivos.
Vivemos há décadas uma crise sem fim. Audiência aumentou, dinheiro circula à vontade, mas credibilidade da categoria está escassa . Fica na mão dos poucos que levam o ofício a sério. Merecidamente.
Quase não se investiga. E quem investiga é perseguido pela própria categoria. Ou estigmatizado.
Dirigentes, técnicos e jogadores afeitos as mutretas têm imunidade para esta parcela daninha da crônica esportiva. Muitos destes personagens nutrem amizades com estes jornalistas com o objetivo de viabilizar blindagem contra matérias desagradáveis.
Pergunto: Comemorar o que?
Vivemos um jornalismo esportivo superficial, com foco no trivial, a escalação e resultado. E a corrupção nos clubes brasileiros? E os desmandos? A cobertura é deficiente. Quase não se repercute. O silêncio, na maioria das vezes, é aliado da sujeira.
Pense por um instante.
Um jornalismo esportivo combatente esperaria tanto tempo para desvendar as falcatruas e os desmandos no Cruzeiro? Não é vergonhoso que profissionais como Gabriela Moreira e Rodrigo Capelo, que não acompanhavam o dia a dia do Cruzeiro, tenham sido os responsáveis? Mérito total deles, mas constrangimento para quem acompanhava o clube. Fato.
Não é querer atacar A,B e C. É reflexão pura. Quando escolhemos o conforto profissional, quem perde é o torcedor, a instituição, a própria sociedade.
Utilizamos o fato de o futebol ser entretenimento para aceitarmos piadinhas e gracinhas em programas de televisão com horas infindáveis. Que muitas vezes sequer tocam nas mazelas do futebol brasileiro.
Pior: jornalista esportivo recém-formado, muitas vezes, ao invés de observar o profissional qualificado, prefere olhar para o jornalista esportivo hiena, capaz de rir diante da podridão e conectado mais nos índices de audiência e no bolso do que no interesse público.
Alguns cronistas esportivos querem porque querem a volta do futebol, mas não exibem a coragem de cobrar sequer mudança de postura do dirigente, técnico e jogador neste período de pandemia.
Para terminar o quadro nebuloso, vivemos a invasão na internet de profissionais sem qualificação.
Com a desculpa de que falam a “língua” do torcedor são rápidos em estabelecer relacionamentos camaradas com os clubes e jogam o espirito critico no lixo. Assista entrevistas coletivas dos clubes espalhadas pelo Brasil inteiro e saberá do que falo.
Estas figuras nefastas ( ou folclóricas) arrebentam e prejudicam com aqueles que são jornalistas formados, preparados e que querem utilizar as redes sociais, o You tube e os portais para praticar jornalismo sério, critico, independente. São confundidos com aquilo que existe de pior na profissão. Pena.
Verdade nua e crua: quem atua do setor esportivo tem muito pouco para comemorar neste dia 07 de abril. A luta sequer começou. (Elias Aredes Junior)