A goleada sobre o Operário produziu uma lufada de euforia no torcedor bugrino. Daniel Paulista ganhou tempo e tranquilidade antes do confronto do dia 11 contra o Náutico no estádio Brinco de Ouro. Mais: recebeu o salvo conduto para pensar no dérbi 200.
Período para analisar com calma o passado, presente e futuro do Guarani. A conquista dos três pontos no estádio Couto Pereira é o complemento de uma série de boas noticias ao atual Conselho de Administração: a quitação antecipada dos salários, a melhoria no ranking de transparência do Globo Esporte.com e o arrefecimento das criticas a Michel Alves por parte de uma ala da torcida.
Existe a percepção de que o Guarani avança. Pouco, mas avança. Também já ouvi diversos relatos sobre a melhoria da infra-estrutura do clube, tanto para o departamento de futebol profissional como também para as categorias de base. Um cenário inimaginável há tempos atrás.
Só que o rol de boas noticias guarda duas armadilhas: a primeira é da alienação inconsequente. De entrar em um estado de delírio que possa fechar os olhos para erros de gestão. E eles existem. É preciso continuar a vigilância. Sem cessar. A democracia pressupõe a abertura de espaço a criticas da oposição. Mesmo nos instantes de vitória. Assim que se constrói democracia. Em qualquer lugar.
Outra é que tal fase positiva seja um elixir para apagar o passado, que deve ser o balizador de construção da retomada.
Dizer que o atual orçamento feito pelo Guarani é o que dá para fazer no momento é parte da explicação.
Basta dizer que com receita de R$ 22 milhões o Cuiabá subiu para primeira divisão. O que acontece que o Guarani não consegue o mesmo? Ah, mas tem as penhoras que retiram verba, você rebate de pronto.
Concordo.
Agora, o que impede de buscar parceiros para fortalecer o departamento de futebol profissional, desde que tudo seja feito com decência e transparência? Mais: quando subiu em 2009, este mesmo Guarani enfrentava penhoras, ações trabalhistas e dividas. Mas teve um diferencial: a excelência de Vadão e Gersinho para montar times.
Não se pode concordar que um clube anteriormente acostumado a participar de decisões de campeonato fique conformado em ser coadjuvante.
Não pode.
Não deve.
O Guarani de hoje pode até ser melhor do aquele de 2013 a 2016. Mas está muito, mas muito distante do seu DNA histórico. A saber: pelotão da frente da primeira divisão do campeonato nacional, protagonista de Paulistão e infra estrutura e administração que fazia inveja aos oponentes.
Existe uma mudança em curso. Verdade. Mas isso só será retomado para valer com uniformização de discurso e sim com debate, discussão, troca de ideias, busca da excelência e aceitação do contraditório para se chegar a um novo patamar. Sem isso, goleadas como as conquistadas diante do Operário será muito celebradas. Com razão. Mas serão estabelecidas como um lufar de alegria em um mar de decepção. É hora de agir para construir o futebol que todo o torcedor bugrino sonha. Com a participação de todos.
(Elias Aredes Junior)