A dura verdade: para avançar a Ponte Preta precisa colocar Abel Braga no passado. Leia e entenda!

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O artigo de hoje vai contrariar pontepretanos. Vou mexer em um “bezerro de ouro”. Mas o jornalista que tem a missão de fomentar o debate na opinião pública. Não pode ter freios ou reservas. Não pode adotar o fanatismo inconsequente como norma para esconder males que afligem o seu objeto de cobertura.

Na Ponte Preta não seria diferente. A equipe foi mal montada, Gilson Kleina começa a ser contestado e a zona do rebaixamento na Série B é uma realidade. Mas nada disso vai mudar de maneira profunda se algo não for enfrentado: colocar Abel Braga no passado.

De primeira você questiona: o que o técnico do Lugano da Suiça tem relação com o atual estágio da Macaca? Tudo. Já abordei o tema no dia 27 de janeiro deste ano. Em resumo: naquela ocasião, escrevi que Gilson Kleina e Fábio Moreno são oriundos desta escola, com virtudes e defeitos.

E que Abel Braga tinha a admiração do presidente de honra, Sérgio Carnielli. Agora acrescento: a cada troca de técnico, não são poucos os torcedores que pedem e suplicam pelo retorno do treinador. Mesmo que hoje esteja fora do alcance na parte financeira.

Vamos colocar tudo no devido lugar: Abel Braga teve seus méritos na campanha de 2003, ficou até o final, mobilizou o vestiário mas não foi o único herói. Ou alguém vai esquecer do trabalho de Marco Antonio Eberlim como diretor de futebol? E a dedicação do médico Danilo Villagelim, que acompanhava a delegação e não deixava a peteca cair entre os próprios conselheiros? Esqueceram? Como afirmar em alto e bom que SÓ Abel Braga é detentor de todas as virtudes? É preciso abrir a mente, mudar o disco. E mais: encarar a verdade.

Você, torcedor pontepretano, que a cada rodada reclama da fissura de Gilson Kleina por ligação direta, ausência de compactação e problemas na construção de jogadas. Ou que considera que Fábio Moreno não conseguiu implantar o esquema tático desejado. Eles são apenas cópias daquilo que você venera. Perceba: tanto Gilson como Fábio Moreno lutam diurtanamente para serem diferentes, criativos, superarem esse modelo anacrônico. Conseguem? Dificil livrar-se de vícios e procedimentos. Mas eles tentam. Batalham. E isso deve ser reverenciado. Agora, vocês acham que eles aprenderam todos essas estratégias em que lugar? Ora, futebol antes de tudo é a capacidade de transmitir conhecimento. Ou seja, no fundo, você torcedor, idolatra um profissional, Abel Braga, que aplica uma metodologia de trabalho já presente no seu cotidiano.

Abel Braga é multicampeão? Concordo. Não há duvida. Existem várias formas de vencer. Ele faturou até mundial com tais ideias. Agora, dizer que elas são 100% infalíveis é flertar com a temeridade. Aliás, basta reprisar a Ponte Preta dos últimos jogos e chegará a idêntica conclusão.

A Ponte Preta tem prioridades urgentes. Primeiro somar 45 pontos e escapar da degola. Pacificar o clube politicamente é outra tarefa urgente. E começar a construir para 2022 um novo conhecimento com novas influências e metodologias. E entender que aquilo que funcionou em 2003 necessariamente não será a cura depois de 20 anos. É preciso reverenciar, homenagear, presentear e reconhecer tudo aquilo que foi feito por Abel Braga. E dar um passe adiante. E seguir o curso da história.

(Elias Aredes Junior- foto de fluminense f.C-divulgação)