Apesar de marcado para novembro, o processo eleitoral começou na Ponte Preta. A situação, apoiada por Sérgio Carnielli, lançou o seu manifesto nesta terça-feira enquanto que o Movimento Renascer Pontepretano lançou nas redes sociais uma pesquisa para averiguar com os torcedores suas demandas e anseios.
Nem tudo são flores. Nas redes sociais, internautas já cobraram a divulgação dos nomes responsáveis pela chapa. De acordo com o Estatuto da Macaca, tal premissa não é urgente.
Por que? O eleitor vai escolher a chapa com seus integrantes e daí deverá tirar os componentes da diretoria executiva em reunião posterior a eleição. Não falo de orelhada.
Basta verificar a própria história do clube.
No final de 2017, todos os torcedores contavam que Vanderlei Pereira seria reconduzido a presidência. Ao final da Assembleia o designado foi José Armando Abdalla Junior. Ou seja, anunciar nome X ou Y não vai acrescentar nada ao debate. Isso pode ser alterado na frente.
A principal missão do MRP não está em torno de nomes e sim de transformar o poder de mobilização nas redes digitais em algo prático, concreto e com começo, meio e fim. Um desafio colocado para qualquer grupo que não está incluído no poder executivo de qualquer instituição.
A perspectiva de duas chapas competitivas eleva e muito o nível democrático. O MRP, no entanto, tem um desafio. Boa parte de seus integrantes estiveram excluídos por muitos anos do processo de tomada de decisão da Ponte Preta. Consequência de um processo de 25 anos sem a formação de quadros de maneira contínua.
Caso vençam as eleições, o MRP terá diante de si o desafio de corrigir uma rota fincada dentro da estrutura da Macaca. Medidas rápidas e duras serão necessárias. Planos são vazados aqui e ali, como a intenção de construir um Centro de Treinamento que abrigue o time profissional e as categorias de base e um novo estádio, que eu acredito seja a reforma do Moisés Lucarelli.
Ninguém será idiota de renegar um fator inquestionável: a rejeição a Sérgio Carnielli é relevante nas redes sociais. Restringir o colégio eleitoral não exclui o fato de que o presidente de honra e seu legado pode se transformar em ativo negativo para ser explorado e servir de pressão. Como exemplo, recordo um fato histórico do Brasil.
Em 1985, o Colégio Eleitoral iria escolher o novo Presidente da República. Eram 660 eleitores que, mesmo diante da orientação próxima ao candidato da situação,Paulo Maluf, sucumbiram a pressão popular e escolheram Tancredo Neves. Guardada as devidas proporções, nada impede que o fenômeno se repita aqui. Seja para oposição ou situação.
No entanto, isso não produz eleição automática. Ou adesão imediata dos conselheiros ao projeto oposicionista. É preciso executar aquilo que está inserido em qualquer processo democrático: conversar, convencer, comprovar que a mudança de rumo poderá bons resultados. E entender o papel da imprensa critica e independente. Que estará vigilante para apontar inconsistências. Se todos compreenderem o papel no processo não será a Ponte Preta que vencerá e sim a democracia, independente do vencedor nas urnas.
(Elias Aredes Junior –foto de Alvaro Junior-Pontepress)