Inovação e Governança, os craques ausentes do futebol campineiro

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Hoje começa uma nova rodada da Série B para o futebol campineiro. Nesta quinta-feira, dia 28, o Guarani encara o Sport na Ilha do Retiro. Já a Ponte Preta vai receber o Operário no próximo sábado no estádio Moisés Lucarelli. Duas equipes com campanhas decepcionantes na competição. Lutam pela manutenção. Simples assim.

Enquanto isso, como um paciente no corredor do hospital com sede de fugir da seringa com agulha afiada, os dirigentes procuram as mais diversas desculpas para fugirem da responsabilidade.

O presidente do Guarani acredita que o acaso construiu a má campanha. Na Ponte Preta, os fãs e aficcionados do presidente Marco Antonio Eberlin consideram que nós, jornalistas, não podemos contabilizar o rebaixamento no Campeonato Paulista.

Afinal de contas, o grupo político de oposição tem seis quedas nas costas. Como se isso servisse para amenizar a incompetência protagonizada no Paulistão. Não serve.

Com tranquilidade podemos chegar a conclusão que as anamolias verificadas no gramados tem relação direta com aquilo que acontece nos bastidores.

Tanto no Majestoso como no Brinco de Ouro. É preciso entender, refletir e pensar sobre o que acontece para que os clubes não consigam mais o protagonismo de antigamente enquanto que no estado de São Paulo concorrentes como Ituano, Novorizontino e Red Bull Bragantino demonstram uma solidez financeira e administrativa incontestável.

Penso que a chave do segredo do insucesso do futebol campineiro encontra-se em duas palavras: inovação e governança. Faltam os dois requisitos nos corredores dos poderes executivos e deliberativo das duas agremiações.

Criador do Iphone, aparelho que mudou a concepção da telefonia celular no planeta, o falecido fundador da Apple, Steve Jobs, dizia com propriedade que “a inovação é o que distingue um líder de um seguidor”.

Pense, pare e reflita: qual foi a ultima inovação, ideia e projeto revolucionário oriundo do futebol campineiro? Qual presidente teve uma sacada que elevou o patamar da agremiação?

Você pode reclamar e chiar em relação aos modos e comportamento do eterno presidente do Athletico-PR, Mário Celso Petraglia. Mas não há como negar a sua genialidade ao pegar um clube de pequeno porte e incutir procedimentos e visões de excelência, sendo que colocou o Furação na Vanguarda, ao ser o primeiro a incutir o conceito de Arena no Brasil, o primeiro a mostrar um Centro de Treinamento de Primeiro Mundo e até um departamento responsável por definir o esquema tático e a filosofia de jogo da equipe, sendo que o treinador fica apenas com a tarefa de treinar e escalar a equipe.

Isso é inovação.

Isso é ser diferente.

Isso é querer perpetuar o nome do clube na história.

Repito a pergunta: quando a inovação deu as caras no futebol campineiro?

Se a inovação está ausente, o que dizer então da governança?

A governança é definida como um conjunto de ações que definem as responsabilidades e ajudam a desenhar os processos para tomadas de decisão. Governança é exercer autoridade e governar.

No futebol, quando o associado elege um presidente, a decisão é por escolher uma pessoa em quem confiamos para cuidar e trazer melhorias para o clube.

Para que tais metas sejam alcançadas, o dirigente pessoa precisa de um ambiente organizado e bem estruturado. Ali, deve prevalecer a transparência entre o clube e os torcedores.

Vou enumerar apenas alguns fatos banais para comprovar como a governança está debilitada nas administrações dos clubes campineiros: os torcedores tem acesso as informações imediatas sobre lesões e jogadores suspensos rodada após rodada? A imprensa tem acesso a todas as informações para com informar de maneira qualificativa o seu torcedor?

As decisões tomadas pelas diretorias executivas dos dois clubes são fornecidas com exatidão e clareza e no tempo correto?

As contratações são anunciadas no período adequada para informar ao torcedor? Dificilmente você responderá sim para algumas dessas questões.

Existem ainda as questões especificas de cada clube.

No Guarani, que ninguém se iluda: se as contas estão em dia é por causa da fiscalização implacável da Justiça Trabalhista. Na Ponte Preta, não há como ignorar a gestão centralizada em apenas uma pessoa, no caso o presidente Marco Antonio Eberlin.

Você torcedor bugrino, você torcedor pontepretano, tem total razão em encontrar-se decepcionado com o rendimento do seu time na Série B do Campeonato Brasileiro. Tem total razão em encontrar-se indignado pela escassez de gols.

Mas acredite: a verdadeira canelada não acontece nos estádios do Brasil e sim nos gabinetes dos estádios Brinco de Ouro e do Moisés Lucarelli. É ali que muitos gols contra são marcados. Todos os dias. E quem chora a derrota é quem repudia a vaidade e deseja apenas um pouco de felicidade.

(Elias Aredes Junior)