Não há há pontepretano na face da terra que não esteja em êxtase após a vitória sobre o Operário por 3 a 0, na noite de sábado, no estádio Moisés Lucarelli.
O quadro montado foi perfeito: promoção de ingressos, os pobres nas arquibancadas, um jogador com caracteristicas de camisa 10 com boa produção e um rendimento satisfatório de todo o elenco. Impossivel deixar de abrir uma lata de cerveja e degustar um almoço saboroso com a familia depois da alma ficar tão leve. Essa é uma das funções do futebol. Transmitir o conceito de que uma conexão entre todas as partes pode produzir um todo avassalador.
Só que alguns torcedores insistem em cair em uma armadilha. Não aprendem com os erros do passado. Querem porque querem encontrar um heroi para os 90 minutos do dia 30 de julho.
Alguns já elegem Elvis o novo Rei. Outros consideram que Hélio dos Anjos é o grande responsável pelo triunfo. Tanto que memes já são transmitidos pelas redes sociais sobre o tema. Em alguns casos, muitos já defendem a absolvição ampla, geral e irrestrita ao presidente Marco Antonio Eberlin e sua diretoria. Afinal, dessa vez ele acertou nas contratações. Diagnóstico curto e grosso: todos estão errados ao elegerem estes herois. Todos.
Se a Ponte Preta empreendeu uma reação na Série B do Campeonato Brasileiro é apenas única e somente pelo motivo que todos pararam de falar em homens e passaram a focar no que interessa: a Ponte Preta.
A vitória sobre o CSA, o empate com o Criciuma e a triunfo diante do time paraanense só foram possíveis graças a um trabalho coletivo. As vaidades foram esquecidas e tudo foi direcionado para a Macaca.
Elvis jogou bem? Matheus Silva teve boa largada? Ora, se isso aconteceu – e ainda bem que aconteceu- foi graças especialmente ao trabalho coletivo realizado nos 90 minutos em que todos foram participativos. Inclusive aqueles que foram acionados do banco de reservas.
Hélio dos Anjos agora trabalha de maneira correta? É verdade. Mas também é verdade que ele já cometeu erros de escalação, substituição e de conceituação.
Não é um herói.
É um ser humano como eu, você, todos nós. Não coloque a capa de heroi sobre aquele que tem a prancheta. Reserve para os desenhos da Marvel. Ou da DC Comics.
E Marco Antonio Eberlin? Quem acompanha este espaço sabe do pensamento do colunista. Simples e direto: é preciso parar de personificar o sucesso na Ponte Preta.
Não combina com sua história.
Nos últimos 25 anos, muitos torcedores decidiram torcer muito mais pelo dirigente do que pelo time. Colocaram qualidades exacerbadas e defeitos corrosivos. Deu no que deu. A frustração foi maior.
É preciso colocar de uma vez por todas nas cabeças: não existe dirigente com pinta e alma de Thor, Batman ou Homem Aranha. O presidente ou qualquer dirigente, em qualquer época, é um servidor do clube. É alguém que se colocou a disposição em servir e levar a agremiação em frente. Mesmo quando é remunerado. Ele está ali para representar o coletivo.
Eberlin contratou bem dessa vez? Ótimo, maravilha. Mas não fez nada mais que sua obrigação. Alias, apenas e tão somente cumpre aquilo que foi dito na campanha: que a Ponte Preta seria resgatada para os pontepretanos. Então, quando faz isso apenas cumpre sua tarefa. Ponto. E tem uma divida para ser paga, que é rebaixamento para a Série A-2 do Campeonato Paulista.
Torcedor pontepretano: curta a vitória e saiba que você, dentro ou fora do estádio, colaborou para deixar sem lacuna a paisagem gerada a partir um quebra-cabeça. E isso virou um lindo quadro que deu três pontos na classificação.
Um quebra cabeça que teve a participação de jogadores, dirigentes, comissão técnica e torcedores. E que isso precisa ser sustentado até a 38º rodada.
Herois? Deixe para as histórias em quadrinhos. É mais adequado.
(Elias Aredes Junior-Foto de Álvaro Junior-Pontepress)