O Guarani perdeu do Corinthians. Placar de 2 a 1. Neo Quimica Arena lotada. Abarrotada de gente. Renda que chegou quase aos R$ 2,4 milhões. Explicar a derrota, os posicionamentos táticos, as estratégias adotadas pelo técnico Mozart, o rendimento dos atletas e as perspectivas para o restante do campeonato você terá à disposição com os comentaristas e analistas de desempenho disponiveis às pencas na internet.
Quero utilizar este tempo para falar de conceitos mais subjetivos.
Ou de assuntos desprezados mas deveriam merecer atenção.
Você, torcedor bugrino, está triste.
Cobra diretoria, comissão técnica, jogadores e dispara para tudo quanto é lado nas redes sociais. Uma pena que não encare algo presente no cotidiano de qualquer equipe que não esteja presente no cotidiano de qualquer gigante brasileiro: impotência.
Pela definição do dicionário é a falta de poder, força ou meios para realizar algo. E a incapacidade de se contrapor a um gigantismo que cresce a cada dia e que é reforçado por uma distribuição de renda que chega a ser vergonhosa tamanha que é a desigualdade.
Só para se ter uma ideia basta dizer que na Série B do Campeonato Brasileiro, ao contar todas as receitas o Guarani vai faturar, no mínimo, R$ 10 milhões de reais. Em contrapartida, para disputar a Série A do Campeonato Brasileiro, o Corinthians leva 10 vezes mais. Ou uma quantia maior.
Antigamente, a diferença era menor e o Guarani ainda tinha uma categoria de base capaz de revelar jogadores do quilate de Evair, João Paulo, Neto, Luizão, Amoroso. Hoje, são os gigantes que lapidam as joias raras. Basta assistir a um jogo de Endrick no Palmeiras e saberá do que falo.
Neste quadro, um torcedor consciente não fica inconformado ou se descabelar. Um torcedor que sabe o atual estágio técnico, financeiro e administrativo do Guarani, quando enfrenta qualquer gigante e colhe uma derrota não fica triste. Ele fica conformado.
Mistura com uma tristeza paralisante, que reconhece que a cada minuto essa distância aumenta cada vez e não há muito o que fazer. Uma vitória é celebrada como um milagre. E digo algo mais doloroso: as transmissões das televisões por assinatura são também desoladoras. Narradores e comentaristas falam dos times médios e pequenos que oscilam do desprezo olímpico ao ar enfadonho de que cumprem apenas uma missão protocolar. Devem apenas falar dos times gigantes. Só
Há exceções. E faço questão de citar. O primeiro é o narrador Odinei Ribeiro, que em todos os jogos de Ponte Preta e Guarani mostra-se preparador para falar não só da história como também dos fatos atuais dos times campineiros e de qualquer equipe fora do camarote do futebol brasileiro. Em relação ao Guarani, Jorge Iggor demonstra um genuíno sentimento de afeto ao clube campineiro. Para completar, não posso deixar de citar a reverência que Mauricio Noriega sempre mostra com os times do interior paulista e de outras partes do país. Mas encaixam-se na palavra exceção. Duro, mas real.
O fato é que o Guarani perdeu. O Corinthians. E se depender de quem é beneficiado e sustenta a estrutura do futebol brasileiro esse quadro dificilmente vai mudar.
(Elias Aredes Junior- Com foto de Thomaz Marostegan)