Fim da primeira da Série A-2 do Campeonato Paulista. A Ponte Preta terminou a fase inicial com 36 pontos. Primeiro lugar absoluto. Começa para valer a caminhada rumo ao acesso. Esportivamente talvez estas frases resumam a fase da Macaca. Explica, mas é pouco. Insuficiente. Porque é impossível analisar e pensar em futebol com o desaparecimento do seu protagonista, o torcedor.
Torcedor que faz festa mas está angustiado. Ele comemora as vitórias com uma alegria misturada com tensão. Este torcedor pontepretano tem orgulho do seu clube, mas tem o deseja de se libertar ou se desvencilhar de algo. Já falamos que a competição é pequeno perto da grande e das conquistas feitas pela Macaca nos últimos anos.
É sentimento difuso, sem sentido, mas que precisa ser traduzido.
Eis que no domingo á tarde, em um instante lazer, me deparei com uma obra prima: a música o Passarinho Canto, interpretado por Ivan Lins.
A frase inicial da música é emblemática: Passarinho cantou de dentro de uma gaiola\ Cantaria melhor se fosse do lado de fora. Sim, porque se um pássaro não deve ficar preso e engaiolado para emitir o seu canto, um clube do tamanho da Ponte Preta não disputa a Série A-2, e sim paga a conta de uma prisão.
Uma prisão adquirida para cumprir a pena oriunda de falhas e mais falhas cometidas nos últimos anos. Uma prisão embalada por vaidade, ganância e ambição dos dirigentes. Participar da Série A-2 é deixar de gozar a liberdade de fazer parte do pelotão de elite e sonhar com melhorias e avanços.
Essa ânsia de libertação não pode ser apenas do presidente, dos componentes da torcida e da Diretoria Executiva. Os jogadores, estes novos nômades da vida, precisam captar toda a angústia e necessidade de uma comunidade que quer sair do casulo. Sem isso, a decepção fica mais próxima e a fuga da segunda divisão vira miragem.
Para sair desta cela futebolística, poderíamos dizer que a chave de soltura ( ou acesso) é formado por uma chave com a necessidade de seis giros na fechadura. O primeiro giro é no próximo final de semana, quando o adversário é o Comercial-SP.
Evidente que os jogadores adversários terão os mesmos desejos dos pontepretanos. Mas existe algo maior: a paixão da torcida. Ela quer ser livre, quer voltar ao lugar que é merecido. Quer sair da gaiola da Série A-2.
É hora de voar Ponte Preta. E de ser feliz.
(Elias Aredes Junior- com foto de Karen Fontes-Pontepress)