Análise Especial Ponte Preta: acesso na Série A-2, estádio lotado e a alegria de ser pontepretano

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Ah, como é bom respirar aliviado. Indescritível sentir o ar da manhã com o coração leve, com a alma rasgada de emoção. Inevitável pensar e rever dentro da cabeça a tonelada de sentimentos ruins e de adversidades vividas nos últimos anos pela Ponte Preta. Sentar na arquibancada, comemorar uma vitória no velho chão batido do estádio Moisés Lucarelli é algo para quem foi eleito pelo destino em ser acompanhar a Macaca.

Garantir o acesso e vencer o XV de Piracicaba talvez seja insuficiente para traduzir o quanto ocorreu de renúncia por cada um torcedor pontepretano que vestiu sua camisa e celebrou o reencontro com sua história. Um evento marcado por turbulências, sofrimentos e um final feliz aguardado.

Ponte Preta que fez o seu povo esticar a noite até o resplandecer o dia. Torcedor que voltou a sentir o futebol como ele é. Que é paixão, emoção, desprendimento, conexão e coração. É um amor tão presente, tão marcante que um grito de gol é pequeno para traduzir a luz e a imensidão que emana de cada alma pontepretana.

Almas que celebraram na terra ou na Céu. Deus, em sua infinita misericórdia, não pensou duas vezes e autorizou que todos abrisseem suas janelas celestiais para acompanhar os 90 minutos mais importantes aos terraquéos que vestem a camisa branca com a faixa transversal no peito.

E eles apareceram. Uma arquibancada banhada a ouro para que todos ficassem sentados e acomodados. A intripidez de Donana, o fanatismo de Conceição, que vibrava a cada gol dos “meninos” que desfilavam no Majestoso. Edson Aggio sorria por verificar que o seu legado construido na década de 1980 poderia ser resgastado e aumentado. Sérgio Abdalla estava abraçado, esfuziante ao lado de Cilinho, que sorria e lamentava ao mesmo tempo.

O que ele poderia fazer com um centroavante impetuoso como Jeh? E o que estaria reservado a ele se ele estivesse a beira do gramado com Pablo Dyego. A tristeza passou e surgiu o alento de ver Hélio dos Anjos. Negro como ele, apaixonado por futebol como alguém que foi revolucionário e deixou um legado. Assim como Zé Duarte, com seu boné e vendo sua filha Claudia sentada no gigante de concreto armado a busca de celebrar mais gol. No meio daquele alarido no plano divino, estava outros pontepretanos…aqueles  que construíram o Moisés Lucarelli, os que participaram das caravanas…Todos, todos, irmanados e emocionados porque a Ponte Preta voltou a ser a Ponte Preta.

A Ponte Preta que faz o marido olhar de maneira enternecida para a esposa. A Ponte Preta que faz o pai jogar o filho para o alto e exalar a alegria de passar um amor de geração para geração. A Ponte Preta que faz o filho dar a mão ao pai; Que promove reconciliações, produz paz e harmonia nas famílias. A Ponte Preta que transforma o gari em rei; a recepcionista em rainha; o porteiro em principe e a faxineira em imperatriz. É um reinado do povo, que não tem hora para acabar.

Ponte Preta é vida. A Ponte Preta é amor. É guerra. Solidariedade. Empatia. Um abraço real na vida sem nexo. Um beijo apaixonado em um mundo cinza e sem sentido. O futebol é mágico, único, invencivel. Mas nada, nenhum sentimento supera aquilo que está na boca, na alma e no coração daqueles que vivem uma festa infinita desde sábado: como é bom ser pontepretano!

(Elias Aredes Junior com foto de Marcos Ribolli- Especial para o Pontepress- Texto reproduzido no Brasil Esporte Clube – Am 1270)