Guarani, 112 anos: quando o torcedor voltará a ganhar presentes?

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Alguns celebram aniversário com melancolia. É o tempo que passa. Implacável. Tem gente capaz de promover festas de arromba. Dias e noites sem parar. Celebrar os desafios ultrapassados. Outros aguardam uma festa surpresa, um presente inesperado.

Nascer é sublime, divino.

Relembrar o milagre é algo indescritivel. O que dizer quando é o aniversariante que dá o presente? É ele que faz os convidados terem comportamentos e sentimentos fora de prumo. E tudo isso é motivo para alegria, gozo, jubilo.

No domingo, o Guarani completou 112 anos.

Tempo de festejar.

De comemorar.

De relembrar quantos presentes o clube concedeu a uma torcida cada vez mais popular, determinada a mostrar o coração.

Presentes que ultrapassaram décadas.

Que começou no acesso conquistado em 1949.

Naquela época, o Guarani era um jovem de 38 anos em busca de um caminho. Descobriu.

Passo a passo, degrau a degrau, com um trabalho de abnegados iniciou um alicerce. Primeiro, o estádio Brinco de Ouro. Com o passar dos anos, em seu entorno um patrimônio social que atraiu milhares de sócios e que possibilitava o clube sustentar times qualificados, competitivos e uma categoria de base que era uma fábrica de craques.

O trabalho contínuo, tenaz e constante levou a glória suprema: o título brasileiro de 1978. Dali em diante, o Guarani virou protagonista. Que transformava um limão em uma saborosa limonada como a conquista da Taça de Prata de 1981.

Talento, habilidade, criatividade eram sinônimos de Guarani. Era a chave para abrir as portas para uma equipe forte e  com feitos: vice campeonato brasileiro em 1986 e 1988, segundo lugar do Paulistão de 1988 e manchetes nos principais jornais.

As manchetes não paravam. O surgimento de Edilson em 1992; a equipe de sonhos em 1994 com Amoroso e Luizão e o comando de Carlos Alberto Silva. Dois anos depois, o cometa Ailton enfileirou gols e uma equipe comandada por Carbone chegou a liderar o Brasileirão. E não foi mais longe se não fosse o Goiás.

Era uma vida de sonhos. O torcedor do Guarani era como um filho que recebia um presente do seu pai abastado. Mas os tempos bicudos apareceram. Aquela criança feliz deu lugar a tristeza, aflição, a tensão. Tudo porque os homens quiseram ficar acima do clube. Desejavam brilhar mais do que o escudo com as estrelas no peito.

A criança, ou o torcedor, como queira, nunca desistiu.

Ano após ano ela espera que um dia aquele pai que só lhe deu alegrias retome a consciência e volte aos bons tempos. Deixar de ser um figurante nesta peça da vida chamada futebol e que retorne ao palco principal.

A cada ano, no dia 02 de abril, existe o canto de parabéns.

Não se perde a comemoração. Mas o torcedor, com um olhar de esperança e de emoção olha para a bandeira ou para a camisa e pensa: “Guarani quando você vai voltar a me presentear?”. O torcedor do Guarani não quer apenas comemorar aniversário. Ele quer voltar a receber presentes. Merece.

(Elias Aredes Aredes-Com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C- Texto reproduzido na Rádio Brasil-Am 1270)