História Real: como perder um potencial torcedor pontepretano para um gigante da capital

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Sábado á tarde e encontro uma brecha para ir ao Shopping Dom Pedro. Compras, contas. A vida de todo brasileiro. Na entrada do Colinas encontro um professor da Faculdade de Jornalismo da Puc-Campinas. Meu contemporâneo. Conheço há mais de 30 anos. Culto, educado, cordato e preparado. E pontepretano doente. Daqueles que sonhavam em ter um filho e levar ao estádio Moisés Lucarelli.

Estava ao lado do seu rebento. Percebi que algo não combinava. O garoto vestia uma camisa do Palmeiras. Não me contive. Encurtei os cumprimentos e fiz a indagação. A reação imediata foi a docente olhar para o garoto e questionar: “Você conta ou eu conto?”. O garoto quis relatar a transformação. Após ouví-lo, pedi permissão para reproduzir sua história. Ele autorizou assim como o pai.

Sem enrolação ele disse: “Eu era torcedor da Ponte Preta quando criança, eu frequentava o estádio. Só que ao ir na escola eu era muito zoado. Tiravam sarro de mim porque eu torcia para uma equipe que não ganhava nada e que só lutava contra o rebaixamento. Era insuportável. Daí, eu resolvi torcer para o Palmeiras”, disse o garoto, que admitiu o incentivo de parentes próximos que já torciam para o Alviverde. Sim, a Ponte Preta perdeu um torcedor.

Não tenha a ousadia de culpar a criança. Não lhe dê qualquer adjetivo. Culpe, sim, os dirigentes que nos últimos anos – de 2018 para cá- não tiveram a capacidade de montaram times competitivos para brigar na zona de classificação da Série B ou lutar de modo constante pelas semifinais do Campeonato Paulista. Ou que saiam nas quartas de final do torneio regional de modo digno, nunca sendo goleado por 5 a 0. Imagine o que sofreu um garoto pontepretano após esse revés.

Fiquei tocado pela história do filho de Lindolfo. É a realidade. Vida Real É a ineficiência dos gabinetes com consequências diretas no cotidiano das pessoas. Pior: os dirigentes do futebol campineiro não estão nem aí. Uma pena.

(Elias Aredes Junior com foto de Pontepress)