Travar o meio-campo santista: a tarefa da Ponte Preta nos 90 minutos iniciais da decisão

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Tenho resistência aos clichês do futebol. Frases curtas e batidas por vezes não dimensionam a complexidade do jogo. Há exceções. Nos 90 minutos iniciais do confronto contra o Santos pelas quartas de final do Campeonato Paulista a Ponte Preta e o técnico Gilson Kleina devem encontrar-se cientes de que o meio-campo será a arena primordial para definir o vencedor do embate.

Renato Cajá vai estrear. O ganho será inevitável. Técnica, habilidade, bom aproveitamento na bola parada e uma precisão nos chutes de média e longa distância que viabilizam um novo cenário para a Alvinegra. Não deve ser delírio imaginar que Fernando Bob retorna e que Wendel ou Elton deverão completar o setor. Caso nada de excepcional aconteça, não consigo imaginar a retirada do trio ofensivo formado por William Pottker, Lucca e Clayson. Criar não será suficiente para este sexteto. A marcação, a pressão na saída de bola será missão ingrata.

Explico: ao contrário do que muitos imaginam, Lucas Lima não é o motor santista. Este atende pelo nome de Renato. Perceba: enquanto esteve fora, o Santos exibiu um futebol morno, sem vida e por vezes burocrático. Isso já faz parte do passado.

Entra no cardápio a obrigatoriedade de pegada da Macaca. Elton e Wendel  têm capacidade de produzir um cerco eficiente. Duro é constatar a irregularidade de Fernando Bob. Nem tanto contra o Santos, mas na derrota para o Novorizontino, no estádio Moisés Lucarelli e no empate por 3 a 3 com o Santo André o seu poder de marcação deixou muito a desejar.

Não basta passar com correção. Ou fazer as clássicas inversões de jogo. Bob terá que auxiliar no fechamento dos espaços e dificultar ao máximo o trabalho de Renato e de Lucas Lima. Em contrapartida, a lateral-esquerda precisa ser resolvida. Lucca não pode passar mais uma rodada incumbido de priorizar a marcação pelo lado esquerdo. Seu futebol de força e poder de conclusão poderá ser primordial para construção da almejada vantagem.

Pelas qualidades individuais, o Santos é favorito. Luta para evitar o retorno do seu inimigo, a irregularidade. A Ponte Preta tem limitações e um elenco desequilibrado. Com disciplina tática, uma pitada de talento e um bom trabalho executado por Gilson Kleina poderá alcançar a almejada semifinal.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

1 Comentário

  1. Elias, justamente pelo poderio do meio campo santista é que acredito que o Kleina deveria abrir mão do trio ofensivo e escalar o triângulo Bob, Elton e Wendel, que além de experientes, trazem poder de marcação aliado a qualidade com a bola nos pés, dando volume no meio do campo.
    Dessa forma, Lucca ficaria mais liberado pra atacar, juntamente com Potker e Clayson ficaria como arma pro segundo tempo. Nessa linha, começaria tb com Ravanelli compondo o meio e entraria com Cajá já no intervalo em seu lugar, com gás total.
    Assim, a Ponte jogaria de forma mais conservadora e estudando o jogo no primeiro tempo, pra soltar suas armas no segundo, tendo ainda um banco cheio de alternativas pra mudar o jogo, caso precise, como Jadson, Lins, Ramon e Yuri.
    Ao contrário de Vc não acho o elenco desequilibrado (com exceção da lateral esquerda que não tem peças) e sim que a Ponte tinha um grave problema no comando de sua nau, que era justamente um técnico crú e inexperiente, sem o conhecimento necessário para jogar qualquer campeonato de primeira divisão.
    Vai Ponte!