Finalistas no Paulistão, diferenças entre Ponte e Corinthians vão além dos pontos e cotas

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Quase R$ 150 milhões de diferença nas cotas distribuídas pela televisão e 20 pontos de distância na tabela do Brasileirão após 20 rodadas. São diferenças significativas e importantes, mas não são únicas entre os dois finalistas do último Campeonato Paulista. Ponte Preta e Corinthians vivem situações distintas, mas alguns comportamentos do líder deveriam servir de exemplo ao time campineiro para brigar contra o Z4.

MANUTENÇÃO DO ELENCO
Em entrevista à rádio Central em novembro de 2016, o executivo de futebol da Ponte Preta, Gustavo Bueno, definiu que para uma campanha eficiente “é importante manter 70% da base do elenco” para a transição entre as temporadas. Em levantamento realizado pelo Só Dérbi, Ponte e Corinthians somados atuaram com 178 jogadores diferentes desde 2015, quando a Macaca retornou à Série A do Brasileirão.

Mas, 63,4% destes jogadores pertenceram ao time pontepretano. A Macaca rodou com 113 jogadores desde janeiro de 2015 e não conseguiu dar sequência aos trabalhos realizados por Guto Ferreira, Doriva, Felipe Moreira, Eduardo Baptista e agora Gilson Kleina. Já o Corinthians, no mesmo período, teve 65 jogadores diferentes.

Alguns números chamam atenção no comparativo: Nos últimos três anos, a Ponte teve nove laterais titulares diferentes contra quatro do Corinthians. Foram 18 zagueiros contratados pela cúpula campineira, além de 33 atacantes, contra 9 e 21, respectivamente.

Há dois meses, na final do Paulistão, o time do Corinthians está intacto. É exatamente a equipe que derrotou a Ponte Preta. Já a Macaca, ainda comandada por Kleina, perdeu William Pottker, Ravanelli e Clayson para o mercado. O zagueiro Yago se machucou gravemente e a lateral-esquerda sofreu modificações com as entradas de Fernandinho e João Lucas. Saíram também Cassini, Léo Cereja, Matheus Jesus, Fábio Ferreira (em negociações com Paysandu) e Erick Salles, mas chegaram Xuxa, Sheik, Claudinho e Léo Artur.

DEPARTAMENTO DE FUTEBOL
Um dos principais alvos da torcida é a diretoria da Macaca. E a principal comparação com o Corinthians, seu adversário na final do Paulistão, é o procedimento para chegar ao poder do clube. Os últimos presidentes do time da capital passaram por estágios na gerência do futebol. Andrés Sanchez, Mário Gobbi e Roberto de Andrade foram diretores de futebol antes de chegarem a presidência corintiana.

Na Ponte Preta, as chapas são compostas por base política. Vanderlei Pereira, atual presidente pontepretano, foi braço direito de Sérgio Carnielli por muitos anos dentro do próprio clube, mas na base administrativa e financeira. Os diretores responsáveis pelo futebol, como é o caso de Gustavo Bueno, atuam como uma espécie de terceirização e sem perspectiva de assumirem cargos executivos de maior status dentro do clube.

COMISSÃO TÉCNICA
Neste período, a Ponte Preta foi comandada por sete treinadores diferentes (Guto Ferreira, Doriva, Eutrópio, Gallo, Felipe Moreira, Eduardo Baptista e Kleina) contra quatro do Corinthians (Tite saiu pra Seleção e foi substituído por Cristóvão Borges. Depois, assumiram Oswaldo Oliveira e Fábio Carille).

Fábio Carille está no primeiro ano como treinador efetivo em um time profissional e já conquistou o título do Paulistão, além da excelente campanha no Brasileirão. Gilson Kleina tem 17 anos de carreira e está em sua segunda passagem pelo clube. É o técnico que mais dirigiu a Ponte Preta na ‘Era Sérgio Carnielli’.

Existem algumas diferenças básicas entre os dois nomes. Fábio Carille não gosta de fechar treinamentos e não vê problemas em adiantar a escalação para o setor de imprensa e torcedores. Kleina faz o estilo mais antigo e conservador. Gosta de privacidade, foge de perguntas sobre escalações e opta pelo mistério. Mas, conforme análise do colunista do Só Dérbi, Elias Aredes, encontra dificuldades em variações táticas. Carille disse antes do clássico contra o Palmeiras, vencido por 2 a 0, que “é impossível não ficar nervoso em um clássico, mas a tranquilidade no sistema e nas variações táticas do time me tranquilizam”.

CAMPANHA COMO VISITANTE
Enquanto a Ponte Preta não vence há 1 ano e duas semanas como visitante no Brasileirão, o Corinthians tem 67% de aproveitamento fora de Itaquera no mesmo período. Só neste Brasileirão, o aproveitamento é de 88%. Foram cinco vitórias em seis jogos disputados longe dos seus domínios. A Macaca somou apenas dois pontos fora do Majestoso.

MÉDIA DE PÚBLICO
O Corinthians lidera a média do Brasileirão 2017 com 36.523 por jogo. A ocupação da sua Arena é de 76% mesmo com o ticket média de R$ 50, Já a Ponte Preta, com o custo do ingresso a R$ 25, é a pior média entre os times na primeira divisão. A taxa de ocupação é de 25% no Majestoso que recebe, em média, 4.452 por partida.

ESTRUTURA FINANCEIRA
Evidentemente, a grande diferença entre as equipes está no poder financeiro. O Corinthians recebe cerca de R$ 150 milhões a mais do que o time campineiro só em cotas de televisão, além dos patrocinadores. Mesmo afundado em dívidas devido a construção da Arena Corinthians, consegue construir elencos com jogadores caros como Cássio, Fágner, Rodriguinho e Jô.

Já a Ponte Preta, com elenco modesto, esteve entre os dez primeiros times do último Brasileirão e na final do Paulistão, mas não consegue encarar a concorrência quando grandes times consultam seus principais jogadores. Pottker, Clayson e Ravanelli saíram, mas a Macaca se preocupa com as sondagens recentes sobre o zagueiro Marllon e o lateral Nino Paraíba.

(texto e reportagem: Júlio Nascimento)