Essa história aconteceu por volta de 1995, na redação do extinto Diário do Povo.
Paulo Ferrari era o setorista do Guarani Futebol Clube. Acompanhava o dia a dia mas também ficava de olho nos profissionais que passaram no Brinco de Ouro. Em determinado dia, o serviço de notícias da Agência Estado comunicava a saída do técnico Osvaldo Alvarez do XV de Piracicaba.
Sua decisão imediata foi acionar o Bip do falecido jornalista Brasil de Oliveira. Fã incondicional do trabalho de Vadão a quem falava que era “inovador, estrategista e inteligente”.
O telefone toca. Era Brasa. O diálogo é rápido e rasteiro:
– Paaaauuuuuullliiiinnnnhhhooo, o que foi?- dizia com sua voz melosa e de cantor de orquestra.
– Brasa, mandaram o Vadão embora, tá sabendo?!
– Quem foi o F.D.P que falou isso para você?- reagiu indignado.
Após alguns segundos para assimilar a réplica ríspida, Paulinho explica para ele que o presidente tinha dito que não havia mais como segurá-lo.
-Ah, é até melhor. Vadão nunca foi valorizado naquele lugar. Vai achar coisa melhor.
Dias surgem no horizonte e o Nhô Quim reage no Paulistão. Paulo Ferrari não resiste e aciona Brasa de novo pelo Bip. Depois de conversar sobre entrega de sua coluna para a página de esportes do Diário do Povo, o diálogo peralta é retomado.
– Ei, Brasa, viu que o XV reagiu…Foi só Vadão sair hein- provocou Paulinho.
O jornalista abraça um silêncio sepulcral. E vem a resposta definitiva:
– Também… O camarada só aproveita aquilo que foi deixado pelo Vadão. Assim até eu faço!
Conversa encerrada. Grande Brasa!
(Elias Aredes Junior)