A evolução feminista no futebol argentino e o machismo arraigado em Ponte Preta e Guarani

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Lucia Barbuto foi eleita para assumir a partir do dia seis de outubro a presidência do Bainfeld. É a primeira vez que uma mulher ocupa posto de tal relevância no futebol argentino. Uma quebra de paradigmas. Em um país latino, o espaço feminino tem ampliação no futebol. Impossível deixar de fazer tal associação com o futebol campineiro. Vale o conceito em âmbito nacional, mas o nosso foco é Ponte Preta e Guarani.

Não consigo imaginar, infelizmente, uma mulher na presidência de um dos dois clubes. Campinas, uma cidade provinciana até a medula, tem seus clubes dotados de um machismo assustador. Esqueçam os times de futebol no gramado. Fato é que as mulheres jamais estão no centro do poder. Não decidem. Não planejam. Pior: nos estádios Brinco de Ouro e Moisés Lucarelli viram alvos de atitudes preconceituosas e grosseiras. Passam longe da diretoria executiva da Macaca e do Conselho de Administração do Guarani.

Não é preciso muito esforço para chegar a tal conclusão. Na Macaca, a diretoria executiva de José Armando Abdalla Júnior não tem uma mulher sequer. De maneira errônea, alguém pode alegar que as mulheres não entendem e não sabem os meandros do futebol. Preconceito tosco e latente. E os outros cargos? Será que mulheres não poderiam ajudar na parte administrativa e financeira? E na sessão jurídica? Nada disso. Para os homens que comandam a Macaca, o futebol é um clube fechado. Os fatos dizem por si.

O Guarani não fica atrás. Apesar da presença de Cristina Siqueira na administração de Álvaro Negrão, seja com Horley Senna ou Palmeron Mendes Filho, o Alviverde jamais deu protagonismo as mulheres. Gestos que mostram torcedoras e bugrinas como coadjuvantes. Erro crasso. Quando digo protagonismo eu falo do Conselho de Administração. Ponto.

Ressalte-se que tal quadro existe na sociedade. Em pesquisa divulgada em março deste ano pelo site de empregos Catho, a diferença salarial entre homens e mulheres chega a 53%. Nos cargos de chefia, a diferença chega a ser de 32%. Pior: a cada 100 presidentes de empresas, 25,85 são mulheres. Uma distorção absurda.

Fato é que Ponte Preta e Guarani são clubes com o espírito machista arraigado. E a modificação passa por uma alteração de parâmetro das torcidas e, por consequência, da própria sociedade. Não dá para fugir da luta.

(análise feita por Elias Aredes Junior)