A incapacidade de Ponte Preta e Guarani de detectarem talentos no futebol amador de Campinas

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Nos últimos dias, este Só Dérbi abordou alguns temas sobre as chances perdidas por pontepretanos e bugrinos para transformarem seus clubes mais potentes e inseridos dentro do mercado da bola. Estamos em pleno final de ano e as torcidas mostram apreensão pela ausência de recursos e as contratações que ora geram euforia e em outros apreensão e inconformismo.

Neste contexto, minha memória viajou e pescou um assunto esquecido: porque não existe disposição para aproveitamento de jogadores revelados pelos diversos campeonatos disputados na cidade? Sim, o amador.

Não falo de chute ou devaneio. O passado já mostrou que os campos de terra batida ou com instalações humildes serviram de laboratório para a formação de profissionais do quilate e de Zé Duarte, Cilinho ou de jogadores. Exemplo é Dicá, que forjou seu talento com a camisa do Santa Odila. Diretor de futebol histórico da Ponte Preta, Pedro Antonio Chaib começou sua trajetória no Gazeta, um dos ícones do futebol amador de Campinas.

O tempo mudou e as atitudes idem. Oos dirigentes ficam submetidos aos caprichos dos empresários e dos atletas mimados, ávidos em ganhar e formar patrimônio por vezes abaixo do seu talento permite.

Por que o esquecimento do futebol amador por parte dos times campineiros é algo que traz estranheza? O motivo principal é o leque de oportunidades desprezadas. Na última edição do Campeonato Amador promovido pela Secretaria Municipal de Esportes o portifólio exibiu 240 equipes na competição divididas nas séries ouro (32 times), prata (96 times), bronze (92 times) e a categoria feminina (20 times).

Pense: será que neste mundaréu de atletas, não existe ninguém com 17 ou 18 anos com perspectiva de serem trabalhados no time profissional? O salário não seria pago sem comprometer o orçamento? Mais: não existiria uma possibilidade maior de desprezar a figura do empresário e já contar com um novo atleta com todos os direitos adquiridos?

Faço esta reflexão porque tanto o Guarani como Ponte Preta precisam usar estratégias para fugir do mundo predador do futebol, em que cofres recheados de recursos ditam as diferenças e o patamar de qualidade. O futebol amador parece ser um garimpo que não é explorado de maneira correta. Ainda dá tempo.

(análise feita por Elias Aredes Junior)