A morfina da alienação foi aplicada na torcida do Guarani nos últimos 20 anos. Qual o saldo?

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“Você não pode criticar o Guarani. Não adianta bater de frente e falar a verdade. Você deve ser político”. Já cansei de ouvir esta frase dita por um profissional de imprensa. Motivo: a torcida bugrina não tolera criticas. É preciso acomodá-la em mundo de Faz de Conta ou em ultimo caso atenuar a dor pelos fracassos.

A verdade deve ser anestesiada porque é preciso sustentar a plateia entretida. Nada de denúncias, erros ou equívocos cometidos pela direção do clube. Tudo deve ser relativizado.

Reflito sobre o conceito e conecto com o fato de que a torcida vive neste doping há quase 20 anos, seja com José Luis Lourencetti, Leonel Martins de Oliveira, Marcelo Mingone, Álvaro Negrão, Horley Senna e agora Palmeron Mendes Filho.

Qual foi o saldo deste sedativo aplicado nas arquibancadas bugrinas?

A resposta não é nada agradável. O Guarani retorna a Série A-1 do Paulista após cinco anos e na prática não tem mais estádio e ainda não sabe quando poderá tomar posse do novo imóvel assegurado por sentença judicial. A infraestrutura colocada a disposição dos seus profissionais ainda é deficitária e anos luz atrás de clubes, como o Mirassol. Lógico, o próprio Mirassol não tem certeza do sucesso. Pode até cair de divisão apesar das boas condições de trabalho. Mas que facilita a vida do treinador de plantão, ah, isso facilita.

Politicamente, o Guarani é um clube esvaziado, com poucos sócios e sem participação militante. O programa de Sócio Torcedor é um fracasso, com  2050 participantes. No gramado, desde 2010 não sabe o que é disputar uma Série A de Brasileirão e nesta década disputou quatro edições de Série B (2011,2012,2017 e 2018) e quatro de Série C (2013, 2014,2015, 2016). Um clube que já foi campeão brasileiro, da Taça de Prata e com três participações em Copa Libertadores, hoje luta para sobreviver na zona intermediária do futebol.

Essa situação poderia ter sido evitada? Será que uma torcida atenta, vigilante e fosse mais critica não evitaria esse estado de coisas? Tenho certeza que sim.

Fumagalli e Marcus Vinicius Beck Lima são profissionais de boa qualidade e agora precisam gerar beleza no meio deste caos gerado pela morfina aplicada na veia do pensamento crítico de boa parte da torcida bugrina. Boa sorte. Vão precisar.

(análise feita por Elias Aredes Junior)