Impossível deixar de analisar o processo de demissão do técnico Oswaldo Alvarez do Guarani. Queiramos ou não, a incompetência e a falta de sensibilidade dos dirigentes bugrinos ficaram evidenciadas. Escancarada. Para quem tem um mínimo de preocupação com o futuro já chegou a conclusão de que falta malícia, tarimba e sabedoria por parte dos personagens para conduzir o futebol de um clube do tamanho do Guarani.
O primeiro erro foi o dia e maneira da demissão. O jogo foi no sábado à noite e dirigentes com esperteza fariam o simples: assim que a delegação chegasse em Campinas no domingo ocorreria a reunião para sacramentar a demissão do treinador. Guardadas as devidas proporções, relembre como foi a saída de Zé Ricardo do Flamengo. Derrota para o Vitória no período da manhã, reunião de avaliação à tarde e desligamento no período da noite. Sem enrolar. Direto no assunto. Até porque o patrão tem três direitos: contratar, promover e demitir. Desde que tudo seja feito com dignidade. Um requisito que foi esquecido em todo o processo.
Pior: as evidências levam a crer de que Marcelo Cabo já estava contratado antes da demissão de Vadão. Pergunto: como elogiar a diretoria do Guarani? Como encontrar pontos positivos?
Outro erro crasso foi observado na entrevista coletiva dos dirigentes bugrinos. Um deles tomou a postura equivocada de não só de tentar constranger os repórteres presentes como de tentar censurar perguntas e insinuar avaliação sobre a linha de pensamento dos profissionais. Um aviso aos dirigentes do Guarani: a liberdade de imprensa e de expressão é conceito inegociável na democracia moderna. Vale também para o futebol.
E para terminar o enredo trágico, dá para inocentar apenas o presidente Palmeron Mendes Filho e Horley Senna, que tiveram a dignidade de ligar para Vadão, pedir desculpas por todos os acontecimentos e reafirmar que seus direitos serão quitados. E o restante? Escondidos sob o manto da novidade da contratação de Marcelo Cabo e de Luciano Dias como coordenador de futebol.
Aliás, um adendo: Luciano Dias, excelente profissional da bola, involuntariamente, pode de agora em diante servir de escudo para as próximas trapalhadas tramadas no queijo, a sede administrativa do Brinco de Ouro. É a conjugação do velho verbo: nós ganhamos(dirigentes), eles (o adversário) empataram e vocês perderam (jogadores, comissão técnica).
O futebol é matreiro. Para conseguir os resultados desejados é preciso experiência, tarimba, estudo e busca de informações de modo incessante. Sinceramente, não dá para pensar que só de olhar a lua cheia você tenha conhecimento da esfera que rola pelos gramados do Brasil e do mundo. Humildade é o ingrediente dos vencedores. Sempre.
(análise feita por Elias Aredes Junior)