Na semana passada, o jornal O Estado de Minas e o portal Superesportes publicaram uma matéria relevante: pesquisa com 100 dirigentes de clubes da Série A do Brasileirão trouxe uma constatação dolorosa: apenas três são negros. Isso mesmo que você leu: três. Uma constatação da falta de oportunidades para a comunidade negra no principal entretenimento do Brasil.
Se o levantamento fosse apontado para Campinas, um campo de análise seria aberto e com adendos interessantes. Ponte Preta e Guarani reúnem três dirigentes negros em postos estratégicos e com caminhos diferentes percorridos.
Tagino Alves dos Santos é o presidente do Conselho Deliberativo. Após a gestão conturbada de Mauro Zuppi, assumiu com missão difícil: distensionar o ambiente, abrir espaço a manifestação dos contrários e ainda cumprir o estatuto. E jamais pender para qualquer um dos lados. Como este jornalista já ouviu declarações de reclamações das decisões de Tagino tanto da situação como da oposição, podemos dizer que Tagino, na pior das hipóteses, tenta encontrar o caminho correto.
O que dizer então do vice-presidente pontepretano Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho? Oriundo do movimento sindical e das lutas sociais, aproximou-se do presidente de honra, Sérgio Carnielli, e desde então tem um papel, no mínimo, de coadjuvante. O duro é que, apesar de fazer parte da atual gestão, não temos um noção clara de seu papel. O presidente José Armando Abdalla Junior já foi atacado de todos os lados, mas por enquanto não há qualquer declaração dele a respeito da gestão. Ele gosta? Detesta? A favor?Contra? Tem objeções? Ninguém sabe.
Outro caminho é percorrido pelo atual presidente do Guarani, Palmeron Mendes Filho, o primeiro negro a exercer o cargo após Jaime Silva. Sua gestão é contestada. Recebe criticas de todos os lados. Politicamente fragilizado. E esta edição da Série B do Brasileirão é decisiva para o seu legado histórico. Se permanecer poderá daqui alguns anos almejar até entrar pela porta da frente por nunca ter sido rebaixado e desfrutar ainda do titulo da Série A-2. Um amargo rebaixamento, no entanto, terá consequências desastrosas.
Independente de suas trajetórias e histórias. Tiãozinho, Tagino e Palmeron demonstram que os desafios a serem superados pela comunidade negra dentro da cadeia de comando do futebol são enormes. O trabalho apenas começou.
(Elias Aredes Junior)