O texto não vai agradar a maioria. Só que precisa ser escrito. E refletido. Em linhas gerais a ideia é simples e direta: jornalista não pode em hipótese nenhuma pedir a demissão de profissional de futebol, seja treinador, jogador ou executivo da bola. Pode criticar. Dizer que o trabalho é ruim. Apontar as falhas. Refletir sobre o momento. Dizer aquilo que está certo e errado. Mostrar e direcionar caminhos. Pedir para a diretoria mandar embora A, B ou C? Não.
Na arena do futebol, cada tem sua missão. A partir do instante que o jornalista coloca-se em patamar superior aos outros ele primeiro perde a sua capacidade de agente público de comunicação; posteriormente, cai em armadilhas inconvenientes. Já fiz isso diversas vezes. Reciclei meus conceitos e decidi trilhar o caminho da ponderação. Com posicionamento.
Digamos que eu indique demissão do treinador que está em Ponte Preta e Guarani. Mais: que eu aponte o substituto. Se tudo der certo uma distorção fica estabelecida: o cronista, enquanto profissional, passar a interferir no seu objeto de cobertura.
Não é de bom tom.
Exemplo: José Sarney perdeu a moral e a credibilidade no exercício da Presidência da República quando aceitava toda e qualquer sugestão de Roberto Marinho, proprietário das Organizações. Reza a lenda que até entrevista com futuro ministro da Fazenda o empresário fez. Na política consideramos uma aberração. Por que no futebol seria diferente?
E se der errado? E se a troca mostrar-se desastrosa e o time cair de ponta a cabeça? Pior ainda. O jornalista forçou e provocou as mudanças e não sofrerá as consequências negativas.
Que inclusive são construídas na esfera administrativa. O presidente será malhado, criticado, a torcida ficará enfurecida e como o agente causador do processo? Fica de boa. Como se nada tivesse acontecido. E algo aconteceu.
A decisão da demissão e da troca tem que ser do presidente e do executivo do futebol. Influência de agente externo só piora a situação. O máximo que podemos fazer é pedir que os dirigentes se posicionem.
Escolher um lado.
Saída ou permanência. Mas a decisão é dele. Sempre. Sem o nosso palpite ostensivo. Fora disso, o jornalista esportivo quer exercer um papel que não lhe é devido.
(Elias Aredes Junior)