Análise Especial: Fernando Diniz e a necessária prática da ética e da decência no futebol

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Compreendo a dor do torcedor bugrino nesta segunda-feira. Viu a classificação muito perto e escapou por entre os dedos. Tal desastre esportivo não é impeditivo para colocar o foco sobre um personagem: o técnico do São Paulo, Fernando Diniz. O mesmo que saiu do Guarani para assumir o Athletico Paranaense no início de 2018. Indiretamente, ajudou e muito para que o bugre tivesse uma ótima temporada naquele ano, com a conquista da Série A 2 e o nono lugar na Série B.

Dessa vez, Diniz ficou encurralado: o senso comum exigia que ele entregasse o jogo, facilitasse a classificação do Guarani e eliminasse o Corinthians. Em um país arrebentado por atos de corrupção e por parte da população, que atira as favas qualquer tipo de escrúpulos, seria natural visualizarmos a ética ser arrebentada. Como foi nos brasileirões de 2009 e 2010.

Pois o que vimos foi um sujeito sério, profissional e alucinado a beira do gramado. Vencer a qualquer custo. Disposto a tudo para triunfar. Que buscava tirar a última gota de sangue e de suor de seus comandados. Que ficou enfurecido com o gol de empate do Guarani. Que vibrou nos gols do tricolor paulista. Profissional. Ético.

Sua atitude foi tão louvável que a própria torcida bugrina reclamou muito dos vacilos do seu time do que lamentar a derrota para um adversário pretensamente “amolecido”. Todos sabem que o oponente atuou em volume máximo. Sem abrir brecha.

Vai ser campeão paulista? Chegará a Seleção Brasileira? Não sei. Mas confesso que acompanhar profissionais como Fernando Diniz, humildes, com pés no chão, sem estrelismos e determinados a fazerem diferença no futebol tanto no gramado, no banco de reservas como nos padrões de conduta, qualquer cronista esportivo sério ganha fôlego para lutar por um futebol brasileiro melhor. O Guarani está triste. Com razão. Mas o futebol brasileiro vê uma luz no fim do túnel. Não é pouco.

(Elias Aredes Junior)