Alemão ganhou chance do Guarani. Thiago Carpini, a comissão técnica e os jogadores lhe estenderam a mão. O jogador, clássico exemplar do seu meio fez o modus operandi: pediu ajuda a imprensa. Um período de trégua. “Fiquei esse tempo parado e foi muito bom para mim. Vou fazer um pacto com vocês e espero que me ajudem. Se precisar criticar ou elogiar porque vai fazer muito bem para mim”, afirmou o jogador em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira no estádio Brinco de Ouro.
Poderia exibir a reação de pegar no teclado e desferir criticas ao pedido de um comportamento paternalista, muitas vezes é correspondido por muitos que militam no jornalismo esportivo reinante no Brasil. Sandro Moreira, por exemplo, tinha uma relação de cumplicidade com Garrincha. Kleber Leite, nos áureos tempos do Flamengo, posicionava-se atrás do gol para favorecer Zico na hora da cobrança de falta.
Sócrates teve a simpatia e cumplicidade dos jornalistas com viés de esquerda. Do mesmo jeito que Caio Ribeiro, como jogador ou agora como comentarista sempre foi o “boa praça”, aquele que ninguém tem coragem de criticar. Amizades em que não foram colocados limites e no final o torcedor perdeu.
Quero uma reflexão além do futebol. Não condeno Alemão. Na realidade, Alemão, o homem, o cidadão, o atleta profissional, utiliza aquilo concedido pela própria sociedade. Pessoas com seu perfil, mesmo que tenham nascido em áreas de extrema pobreza sempre recebem uma segunda chance. A porta nunca lhe é fechada.
Independente do que faça, será recebido com sorrisos, afagos e o fracasso é relativizado. Ganham de antemão um argumento para justificar a pisada de bola. Tenho informações que é uma boa pessoa. Um ingrediente a mais que lhe dá coragem para fazer um pedido de pacto, de trégua. Quem vai negar?
Opinião pessoal? Acredito que Alemão tem chance de triunfar. Fazer gols. Conseguir vitórias para o Guarani. Surpreender e até reformular o seu contrato. E se tudo der errado? Não tem importância. Para Alemão, a sociedade brasileira, nunca, jamais vai lhe virar as costas. Que bom se fosse assim com todos.
(Elias Aredes Junior)