Análise Guarani: prometer é o passo inicial para o fracasso

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Fernando Miranda é considerado um dos principais presidentes da história do Internacional de Porto Alegre. Não ganhou títulos relevantes, mas iniciou a estruturação que desembocou na conquista do Mundial de Clubes em 2006. Alexandre Kalil, atual prefeito de Belo Horizonte, está eternizado nos corações dos torcedores do Atlético Mineiro. Faturou a Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Mineiro. Entrou para a história pela porta da frente. Fábio Koff, recentemente falecido, tem idêntica distinção dentro do Grêmio. Ricardo Chuffi é associado como o comandante da conquista do Campeonato Brasileiro de 1978, sempre com serenidade e seriedade.

Nos quatro casos, existia uma característica em comum: não vendiam ilusões. Enfrentavam a batalha da opinião pública com altivez. Não faziam promessas transloucadas. Tinham o comportamento de um típico torcedor, mas pelo lado benigno. Não aceitavam que a torcida ficasse sem explicações em relação ao que acontecia no cotidiano. E falavam aquilo que era possível.

Faça uma comparação com os atuais integrantes do Conselho de Administração do Guarani, capitaneados por Palmeron Mendes Filhos. São dedicados? Sim. São entregues ao cotidiano do Guarani? Com certeza. Enfrentam com coragem a montanha de dívidas presentes? Não há contestação. Mas há dois defeitos aparentemente incorrigíveis. O primeiro é a incompreensão em relação ao papel da imprensa crítica e independente, ou seja, a de fiscalizar o poder e apontar os equívocos e apontar caminhos. Nada disso. O desejo implícito é receber elogios. O outro problema é a dificuldade para cumprir promessas inviáveis.

Pensem nas promessas feitas por Palmeron desde a sua posse e que por um motivo ou outro não foram cumpridas. Começou com o estabelecimento de somar 50 pontos na Série B do ano passado. Uma frase proferida durante um vendaval de imprevistos. Somou 44 e escapou do rebaixamento por um triz. Lisca saiu como herói e o dirigente incumbido de dar mil explicações e que nenhuma convenceu.

E Marcelo Cabo? Perdeu de 4 a 0 para o Paraná no ano passado e Palmeron jurou de pés juntos que não demitiria o treinador sob nenhuma hipótese. Tudo desabou após perder de 3 a 0 para o Oeste. Demissão no vestiário.

Durante o lançamento do novo uniforme, Palmeron considerou que o Guarani tem condições de disputar o titulo. Na mesma frase, que o time poderia ficar em décimo terceiro ou décimo quarto lugar. E que a prioridade é somar 45 pontos. Ou seja, o próprio comandante do Conselho de Administração não nutre segurança cabal sobre o potencial da equipe. Como fazer qualquer promessa diante da saída de Bruno Brígido, Lenon, Bruno Nazário e Baraka? Como prometer título diante de um desmanche ocorrido a céu aberto?

O que deveria ser dito? Que o Guarani passa por um momento delicado, que não há como prometer nada e que a torcida é parceira para tirar o time de qualquer risco de rebaixamento. Simples assim.

O futebol é impensável. Louco. Sem nexo. Recomendável que os dirigentes não digam frases apenas para satisfazer por segundos um público sequioso por boas noticias. O bom dirigente conserta o passado, determina os passos do futuro e alicerça a estrada para o futuro. Fora disso, é flertar com confusão.

(análise feita por Elias Aredes Junior)