Luís Fabiano inicia, nesta segunda-feira, o seu processo de recondicionamento físico na Ponte Preta. A atitude por si só detonou um alvoroço na torcida pontepretana. Muitos sonham presenciar o campineiro da gema encerrar a sua carreira no Estádio Moisés Lucarelli. Por cautela e sabedoria, a diretoria não se pronuncia. Nem para um lado ou outro. Isso não impede de que se faça a pergunta: é bom negócio contar com o atacante?
Existem argumentos palpáveis para quem desfralda a bandeira em favor do ídolo como para quem é contrário. Os ativistas vão expor a sua identificação com a camisa da Ponte Preta e o seu faro de gol. Não funcionou no Vasco? Ok, mas agora falamos de um campeonato pobre tecnicamente e zagueiros limitados. Ou seja, se atuar com 50% de suas condições, o centroavante pode encher o balaio de gols. No lugar de qualquer diretoria da Ponte Preta, tomaria a decisão de descartar sua contratação.
Por um motivo básico: a própria Série B. Falamos de um campeonato cujo contato físico é tremendo, a marcação é ferrenha e que não é incomum o preparo físico ser o fator preponderante. Luís Fabiano estaria preparado para isso? Só ele pode responder. O histórico recente não traz alento. Sua chegada geraria contrariedade de uma ala da torcida, que não aceitou seu desdém pela proposta da Macaca no ano passado e depois foi para os braços do Vasco da Gama.
Neste instante de turbulência política e financeira, a Macaca precisa e necessita de jogadores que acrescentem e possam de cara estabelecer a união entre arquibancada-direção-gramado. Se o contratado fosse, por exemplo, o goleiro Marcelo Lomba, ou mesmo Felipe Bastos, o quadro seria diferente. São jogadores que deixaram boa impressão e a identificação seria unânime.
Luís Fabiano travaria o desenvolvimento técnico, psicológico e tático de Felipe Cardoso e Junior Santos. Hoje, Doriva atua com dois jogadores abertos pelos lados (André Luis e Orinho) e um típico atacante enfiado entre os zagueiros. Júnior Santos e Felipe Cardoso mostram potencial para aprimorarem suas aptidões. Isso só se consegue no campo, em situação real. Quando um é titular, outro é acionado do banco de reservas. Ou seja, a participação é constante.
Com o Fabuloso, é óbvio que um atacante que disputou a Copa do Mundo de 2010 jamais ficaria na suplência. Ou seja, enquanto um dos dois garotos ficaria na reserva, o outro seria carta fora do baralho. Mesmo que esteja no banco suas chances de entrar diminuem.
Reitero: não sou maluco de colocar em dúvida o amor de Luís Fabiano pela Ponte Preta. Mas na atualidade, para construir o sonho do acesso, é melhor optar por um elenco majoritariamente de operários e com sede de vencer. Que LF9 faça seu tratamento e que a Macaca chegue a conclusão de que tem outro caminho a seguir, de preferência sem medalhões.
(análise feita por Elias Aredes Junior)