Análise: Quando Ricardo Catalá vai sentir de fato o que é treinar o Guarani?

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Quando você comparece ao médico e ele vai lhe dar uma noticia grave ou incômoda, a expectativa é que o profissional transmita empatia. Quando você perde o emprego, espera-se uma atitude sóbria mas consternada do representante do departamento pessoal. Fatos tensos merecem comportamentos que correspondam ao momento. Profissionalismo não exclui uma taxa de humanidade.

Após o empate de ontem contra o Sampaio Côrrea por 1 a 1 não faltaram motivos de lamento ao torcedor do Guarani: 10 pontos ganhos, presença na zona do rebaixamento, nenhuma vitória como anfitrião e produção pífia no gramado. Na hora da entrevista coletiva, o técnico Ricardo Catalá tinha a missão de não apenas realizar um discurso coerente e com informações que justificassem a atual situação. Era preciso transmitir preocupação, tensão, empatia pelo sofrimento do torcedor alviverde.

Não aconteceu. Foram respostas que, se tinham bom conteúdo, vinham embalados de de uma frieza assustadora. Nem quando foi indagado se sentia que seu cargo estava ameaçado. “Me preocupa zero (ameaça ao cargo). A pressão de um clube desse tamanho é inerente a tudo que acontece aqui, ao tamanho do clube, à minha profissão, ao meu cargo. Então a minha preocupação é trabalhar, procurar alternativas para que a equipe possa vencer partidas”, disse o técnico. Distanciamento maior, impossível.

Faça uma reflexão e pense na postura de outros técnicos que ocuparam a função no Guarani em conjuntura semelhante. Profissionalismo é bom. Todo mundo gosta. Isso que Catalá tem. De sobra.

Mas na atualidade não basta ser bom no que faz. É preciso sentir, viver e conhecer o Guarani. Caso contrário, o fracasso é certo.

(Elias Aredes Junior- foto de David Oliveira-Guaranipress)