Existe um defeito crônico em todos os grupos políticos existentes na Ponte Preta. Vou repetir: em todos. Seu nome: personalismo. As virtudes e conquistas são creditadas a pessoas e suas qualidades são alçadas a um padrão quase divino.
Pegue qualquer defensor da atual administração e encontrará alguém que colocará Sérgio Carnielli como parente próximo de Odin, capaz de que com seus poderes transformar alguém em um novo Thor. Hoje, é Sebastião Arcanjo. Como outros já foram no passado.
A oposição não fica atrás. Para se contrapor a dinastia de Carnielli, utiliza como argumento primário de que na época de outros dirigentes tudo era perfeito. Seja com Marco Antonio Eberlim, Márcio Della Volpe, José Armando Abdalla Junior, Gustavo Valio, Peri Chaib, Lauro Moraes. São pessoas que dedicaram-se a Ponte Preta, merecem homenagens. Só que um detalhe é esquecido: são seres humanos. Falhos.
E as ideias? Como ficam? E os conceitos, e o planejamento executado de forma coletiva? A Ponte Preta por acaso tem dono? Não, não tem. Para começar, mesmo se estivéssemos diante de gênios da cúpula diretiva, na situação e oposição, todos tem defeitos.
Não é apenas Sérgio Carnielli que é acometido da síndrome da Dadá Maravilha. O que é? São personagens que falam tudo em primeira pessoa: eu fiz, eu faço, eu consegui, eu sou o melhor.
Gênios não precisam fazer anúncio. Pelé nunca falou “Eu sou o Rei do Futebol”. Machado de Assis, Lima Barreto jamais deixaram artigos em que faziam exaltação própria. Cassius Clay? A exceção que confirma a regra. E por isso muitas vezes foi ridicularizado. Injustamente.
Há anos e anos que a Ponte Preta só discute, debate e enaltece nomes. Considera que a solução de seus problemas encontra-se em CPF´s. Passou da hora do trabalho coletivo ganhar valor. De que todos colaborem em prol da agremiação sem querer homenagens descalibradas ou que um séquito de bajuladores esteja de prontidão pronto para uma lufada de ufanismo.
A Ponte Preta precisa de homens que executem ideias e não de gente sedenta em construir seu próprio pedestal.
(Elias Aredes Junior)