Análise Guarani campeão 1978: uma conquista que não devia gerar saudosismo e sim inspiração para construção de um novo futuro

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Alguns podem considerar um tema repetitivo. Ou uma âncora para se agarrar em tempos de desespero e tristeza. O fato nu e cru é que nesta quinta-feira o Guarani celebra os 42 anos da conquista do título de Campeão Brasileiro de 1978. Um feito que jamais foi alcançado por uma equipe do interior do Brasil. E tal façanha fez o alviverde entrar em uma galeria restrita formada por Bahia, Coritiba e Athletico-PR, vencedores da taça máxima e que estão excluídos do grupo dos gigantes.

Você vai ler dezenas de matérias com recordações da campanha que teve 11 vitórias seguidas, algo nunca repetido. A genialidade do armador Zenon, a liderança de Zé Carlos, a genialidade tática de Carlos Alberto Silva, a juventude promissora de Renato e Careca…está tudo por aí. Para dar e vender.

O que intriga em mais este aniversário é algo simples: onde foi parar a ambição e a coragem que marcou a instituição, os dirigentes e a torcida do Guarani nesta época de ouro?

Se o Guarani hoje celebra algo único foi porque em meados da década de 1970 homens de classe média e conscientes de que não era possível parar  no Século 20 colocaram o sonho e a prática na prateleira. Dentro de suas condições, ousaram formar times ofensivos, destemidos e criativos. Não podemos esquecer que em 1976 o Guarani venceu um turno de Paulistão e já prenunciava os dias de glória. Guarani que não tinha pudor em lançar novos treinadores, jogadores e o Guarani exalava jovialidade. Tinha espirito moderno para o seu tempo.

E hoje? Parece uma outra agremiação. Aquele clube com 15 mil sócios, forte, pulsante, atrevido e sem receio de abrir fronteiras, deu lugar a uma entidade tímida, acanhada, sem ambição e que parece conformada com a mediocridade. Ou seja, com tudo aquilo que é mediano. Ficou na Série A-1? Tá bom. Permaneceu na Série B? Tempo de celebração. É muito pouco.

Não coloque a disparidade econômica como argumento. E nem o quadro financeiro dramático. Homens marcam o seu tempo quando são humildes, tratam as pessoas de igual para igual, entendem o espirito do tempo, abrem espaço a diversidade e a inteligência e vislumbram que a revolução no gramado só acontece quando tudo é modificado nos gabinetes. Este conceito estava em Ricardo Chuffi, Michel Abib e em toda a diretoria em 1978. Que um dia possa ser presente neste Guarani do Século 21.

(Elias Aredes Junior)