Acontecimentos da última semana revelam o que todos sabiam: a Ponte Preta está rachada.
Poucas coisas vem a luz do que realmente ocorre nos bastidores em um dos mais tradicionais clubes do Brasil. Isso é uma pena, mas revela muito mais do que possa parecer. Revela o caráter, a falta de profissionalismo de diretores, jogadores, torcida -a que se vende- e da parte da imprensa.
Mostra que a democracia na qual estamos inseridos tem lacunas e falhas grosseiras. A instituição é pública, mas o público não tem acesso as informações básicas necessárias para comprovar a lisura e competência de sua diretoria.
Podem surgir indivíduos defendendo esse formato dizendo que “sócios conselheiros tem acesso a tais informações”. E baseado nessa resposta, pergunto: que tipo de torcedor tem condições para se tornar sócio conselheiro e com direito a voto para ter acesso às informações do clube?
Pois é. Restrito a poucos endinheirados que se perpetuam e detém o poder na Macaca.
Reflita: isso é democracia? Na casa da primeira democracia racial do futebol no Brasil?
Qual o problema de revelar todas informações de interesse público?
O curioso é que todos os presidentes após Sérgio Carnielli foram indicados por ele. Não nos esqueçamos que ele foi obrigado a deixar a presidência do clube por vias jurídicas.
Além de indicar ele rompeu com todos: Marcio Della Volpe, Vanderlei Pereira e José Armando Abdalla Jr. Porém a única certeza é que não há certeza se essas rupturas são reais de fato ou propositais para gerar um estado de caos para que ele surja -novamente- como salvador do clube.
“Salvador” de um clube que ele próprio contraiu dívidas (com ele) para pagar dívidas de outras gestões.
Veja bem. Não há acusações aqui. Há fatos. E outro fato é: pré Carnielli a dúvida girava em torno de R$ 20 milhões e hoje está na casa dos R$ 120 milhões. Desse montante, R$ 110 milhões é com o ex-presidente pontepretano. Houve auditoria para levantar como essa dívida foi contraída?
Será que se as empresas dele fossem administradas dessa forma, encontraria investidores para investir?
Outra coisa que me deixa entristecido é ver o nível de parte da imprensa esportiva em Campinas. Poucos são os que lutam! Usar o microfone e falar do que acontece dentro de campo é confortável. E quando não houver mais dentro de campo?
O outro time da cidade foi desmantelado há 20 anos e não houve cobertura esportiva e nem mesmo reportagens dos motivos disso. Simplesmente jogam no genérico: “más gestões anteriores”. E vai por isso mesmo. Sem a profundidade que o assunto merece.
E isso está acontecendo novamente. Dessa vez no lado preto e braço, o da Ponte Preta. Quem vai assumir o papel de protagonista nas comunicações e “desvendar” os desmandos na alvi-negra? (Artigo de autoria de André Gonçalves- Especial para o Só Dérbi)