Dia do Orgulho LGBTQI+: Quando o Guarani passará a viver de fato os problemas e lutas da sociedade brasileira?

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No ínicio de maio de 2017, indicado pelo falecido técnico Vadão, o volante e lateral Richarlyson foi contratado pelo Guarani. A recepção foi a pior possível. Bombas caseiras e protestos nas redes sociais foram detonados. Torcedores revoltados. Motivo: a suposta orientação sexual do atleta. Que, aliás, nunca declarou nada a respeito. Nada vezes nada. Mesmo assim, foi execrado em quase todos os clubes em que passou. No Guarani, infelizmente, não seria diferente.

Neste dia 28 de junho, até agora o clube não colocou nada alusiva a data do dia internacional do Orgulho LGBTQI+. Nem uma arte ou declaração nas suas redes sociais. Pelo menos no Twitter e Facebook.

Foi assim também no dia 20 de novembro, dia Consciência Negra, ou qualquer data alusiva a questões de luta da sociedade.

Uma pena. A instituição reforça sua opção de viver em um casulo, de ser omisso em relação a assuntos relevantes. Detalhe: uma falha inaceitável se levarmos em conta que o Guarani já foi presidido por dois negros, Jaime Silva e Palmeron Mendes Filho. Que teve craques do porte de Amaral, Jorge Mendonça e tantos outros que honram a comunidade negra. Nem assim, os últimos Conselhos de Administração adotaram uma postura clara e cristalina contra qualquer tipo de preconceito.

A sorte deles é que torcedores reunidos em coletivos antifascistas não deixaram a data passar em branco e mostraram sua solidariedade e indignação contra as agruras sofridas pela população LGBTQI+.

Você pode alegar que clube de futebol não deve se meter em temas deste naipe. Nada mais equivocado. Para começo de conversa, todo e qualquer clube de futebol tem diversos nichos na arquibancada: negros, gays, pobres, ricos, mulheres, lésbicas, transexuais, etc. Ou alguém acha que algum clube é puro, não tem diversidade? Erro crasso.

São pessoas que encontram no futebol uma válvula de escape e que consideram que a entidade pode também dirigir uma palavra de carinho quando são atacados ou agredidos em seus direitos. De mostrar sentimento pela dor do outro. Isso chama-se empatia.

Realizar live patrocinados para bater papo com ídolos do passados e arrecadar alimentos é algo salutar e até positivo. Seria ainda melhor que o Guarani abraçasse de vez o conceito de que o futebol, dentro do seu limite, pode ser utilizado, para lutar por uma sociedade mais humana e igualitária. Um dia muda.

(Elias Aredes Junior)