Dura constatação: Sérgio Carnielli e seu grupo político entendem muito pouco (ou quase nada!) de futebol

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Um dos meus seriados preferidos é Dr. House. Um médico rabugento, de péssimo humor e com capacidade ímpar de traçar diagnósticos cortantes e certeiros sobre o estado dos seus pacientes. Se ele fosse especialista em futebol, tenho convicção de que ele reservaria um tempo para falar apenas uma frase ao presidente de honra, Sérgio Carnielli, e seu grupo político: vocês entendem muito pouco de futebol. Quase nada. O fracasso é logo ali.

O rebaixamento de cargo de Brigatti é típico exemplo. Quer dizer que Brigatti servia para ganhar do Goiás, para somar um caminhão de pontos no primeiro turno e agora não serve mais? Virou incompetente de uma hora para outra? Mais: se o time estava bagunçado como muitos alegam por que alguém não trocou ideias com o treinador? Simples: porque ninguém ali é do ramo. Simples assim.

Sei que para a vaidade de Carnielli deverá ficar ferida, mas o futebol da Ponte Preta só andou nos últimos 21 quando esteve na mão de gente do ramo ou quando alguém delegava poderes para quem entendia. Antes de explicar o argumento um aviso: sei que alguns desses gestores que passaram têm acusações desconfortáveis. Mas aqui o artigo é sobre a produtividade no departamento de futebol. Correto? Então vamos lá.

Quando assumiu o poder em lugar de Nivaldo Baldo, Carnielli sofreu para pegar o jeito no futebol e só acertou quando o comandante do departamento foi  Marco Antônio Eberlin, comandante de pulso firme. Gostava de uma retranca? Concordo. Enchia o elenco de volantes? Não há dúvida. Só que o trabalho tinha uma cara e uma filosofia. Enquanto esteve no comando no clube, de fio a pavio, o time nunca foi rebaixado no Campeonato Brasileiro. Detalhe: muitos creditam a queda em 2006 e a montagem do time ao ex-diretor Eberlin. Mas o saldo é positivo.

De 2007 a 2010, Sérgio Carnielli botou a mão no bolso, contratou jogadores das mais variadas tendências e capacidade técnica e o máximo que obteve foi um vice-campeonato no Paulistão. Na Série B, o máximo que conseguiu foi o quinto lugar com 58 pontos em 2008. Pouco, muito pouco. E quem comandava o futebol era Carnielli. Ponto final.

Pois eis que Carnielli sai do dia a dia do futebol no final de 2010 e entrega o comando do futebol para Márcio Della Volpe e Miguel di Ciurcio, que juntamente com Niquinho Martins contratam Gilson Kleina para treinador. Efeito imediato: quartas de final do Paulistão, acesso na Série B e semifinalista do Paulistão. Veja, enquanto Carnielli e Vanderlei Pereira tocam o clube na parte administrativa, o futebol está na mão de quem entende. Algo que continuou com a dupla Marcus Vinícius e Ocimar Bolicenho. Teve rebaixamento na Série A em 2013? Teve. Como teve final da Sul-Americana.

A verdade é que, entre idas e vindas nos anos seguintes, qualquer pessoa nos corredores do Majestoso sabia que Carnielli desejava tomar as rédeas do futebol e os resultados só foram obtidos porque existiam técnicos de personalidade forte e filosofia de trabalho definida, independente do clube: Guto Ferreira, Gilson Kleina, Eduardo Baptista.

E hoje? Temos um gerente de futebol (Marcelo Barbarotti) que quase não dá entrevistas, um presidente bem intencionado (José Armando Abdalla Júnior), mas mais perdido como cego em tiroteio e Carnielli sendo consultado ora sim, ora não para o futebol. Fazem com boa intenção? Óbvio que sim. Duro é constatar que futebol não é frio como uma calculadora.

É preciso entender os seus meandros e armadilhas. E por mais que Sérgio Carnielli e Vanderlei Pereira tenham intenção de acertar fica difícil considerar que seus palpites são corretos. Ou alguém acha que comprar laterais é mais importante que um bom meio-campista? Pois é.

É uma estratégia correta? Basta reler a história recente e a resposta estará diante de seus olhos.

(análise feita por Elias Aredes Junior)