Análise Ponte Preta: Brigatti não servia? Ok. Mas respeito e dignidade não fazem mal a ninguém!

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Novelas com enredos repetidos não atraem audiência. Não comovem. A Ponte Preta é a exceção. O rebaixamento de João Brigatti para auxiliar técnico e a contratação de Marcelo Chamusca (bom técnico!) para a reta final da Série B do Campeonato Brasileiro é um novo capítulo em que a diretoria executiva demonstra falta de tato e empatia com profissionais que tenham uma ligação com a agremiação.

Tudo acontece de forma idêntica. O profissional é tratado como a salvação da lavoura por ter identificação ou ligação com a história da Macaca. Depois, os resultados positivos surgem com os tapinhas nas costas dos dirigentes. Quando a engrenagem começa a falhar, todos somem. Não há nenhum responsável no Departamento de Futebol para defender enfaticamente o trabalho do treinador, as derrotas ou tropeços surgem e troca-se o profissional como se atira uma laranja chupada na lata do lixo.

Ou alguém esqueceu que Felipe Moreira sofreu o mesmo processo de fritura? O que dizer então de Gilson Kleina, recebido com tapete vermelho, elevado a Deus ao levar o time à final do Paulistão e posteriormente descartado após uma derrota para o Atlético-GO? O novo episódio veio no ano passado com Eduardo Baptista. Qualquer pessoa minimamente conhecedora de futebol sabia que a queda era quase inevitável. Pois deixaram Eduardo Baptista sofrer todo tipo de humilhação até ser demitido no Paulistão.

Doriva? Ah, esse só serviu para ganhar o dérbi. Depois, rua. Sem dó nem piedade.

Agora chegamos em Brigatti. O caso é diferente. Não falamos de um forasteiro, um aventureiro ou alguém que sequer sabe em que local fica o portão principal do Majestoso. É alguém com passagem nas categorias de base, time profissional e que nunca teve pudor em assumir sua paixão pela Macaca. Entregou-se de corpo e alma. Sempre.

Errou? Nossa, e como! Fez escalações ruins? Concordo. Inventou demais? Compreendi as resoluções, mas não recrimino quem criticou.

Só que a diretoria deveria saber com quem lidava. Não era – e não é – um qualquer. É uma pessoa que vai além do profissional. Reconheço que todos lutam pela sobrevivência: eu, você, Brigatti, todos nós. Mas a dignidade deve ser preservada. Sempre. Diante disso, deixar Brigatti como interino por quase três meses e agora anunciar o rebaixamento de sua função é uma total falta de sensibilidade. Melhor seria uma conversa digna, respeitosa, a concessão de uma boa indenização e deixá-lo disponível para o mercado.

Fica a pergunta: se a diretoria da Ponte Preta não sabe tratar bem seus ídolos e filhos, o que dá esperar? Uma lástima.

(artigo escrito por Elias Aredes Junior)