Em quase todos os jogos, o Guarani é um jato no primeiro tempo e uma charrete na etapa final. O que acontece? Como reverter?

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Não preciso gastar letras com explicações e conceitos. O próprio técnico Umberto Louzer afirmou logo no início da sua entrevista coletiva após a vitória sobre o Londrina: o Guarani jogou mal. Produção decepcionante. O treinador está coberto de razão. Talvez o quadro ficou ocultado devido a (justa!) prioridade concedida ao acompanhamento do estado de saúde do armador Régis, vitima de uma entrada de Gustavo Salomão e que gerou o pênalti cometido no final do jogo.

Porque o Guarani, mesmo nas vitórias em casa, joga com produção tão baixo?

Comparo este time titular a uma gelatina fora da geladeira.

A sobremesa citada, nos minutos iniciais após ter sido retirado do ambiente frio, é de uma firmeza impecável. Conforme o tempo passa, o que era sólido vira água.

O Guarani é idêntico.

Não lembro de um primeiro tempo ruim do Guarani na maior parte das rodadas. Só que também é imperioso relembrar o desempenho tenebroso na segunda etapa, seja na parte física ou técnica. Enumerado todos esses problemas e repito a pergunta: o que acontece?

O Guarani conta com alguns fatores que deveriam ser utilizados como vacinas contra qualquer queda de produção.

Comece pela defesa.

Talvez desde Bruno Brigido, o time não contava com uma sequência tão boa de goleiros. No ano passado, Kozlinski tranquilizava os torcedores devido a sua regularidade. Este ano, Pegorari não decepciona. 

O meio-campo conta com dois volantes que subiram de produção. Matheus Barbosa tem bom poder de marcação enquanto que Matheus Bueno é o homem do passe e da distribuição. Ao escalar Isaque como armador e na sua posição original, o Guarani deveria ganhar um desempenho constante de intensidade e de velocidade. Não é isso que acontece.

Qual time na Série B, por sua vez, conta com tantas opções de velocidade: Bruno José, Bruninho, João Victor…deveria ser uma equipe temida por seu contra-ataque.

Não é.

Os seis gols anotados por Derek e Bruno Mendes deveria chamar atenção daqueles que acompanham a Série B. Nada disso. Em quase todo o segundo tempo, tais virtudes entram em colapso de modo simultâneo e o Guarani ou deixa escapar pontos preciosos ou constrói as vitórias com um sofrimento inacreditável.

Dá para acreditar?  Talvez o próprio técnico esteja em busca da resposta. Se não for na parte técnica a sua pesquisa será na questão emocional.

Para os padrões técnicos da Série B, que não é elevado, o Guarani tem virtudes e defeitos como concorrentes que estão na primeira página da classificação. Hoje, são cinco pontos para o grupo de classificação. A diferença é bem provável que se encontra muito mais na mente do que nos pés. Uma tarefa para Umberto Louzer destrinchar.

(Elias Aredes Junior-com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)