Ponte Preta: vitórias geram alento. Mas a produção é como algodão doce: adoça a boca mas não sustenta ninguém

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Na Ponte Preta, a euforia e a depressão são separados por uma linha tênue. Uma melhoria razóavel de produção e a conquista de três vitorias bastaram para cessar as criticas. Muitos torcedores começam a sonhar com o acesso. O analista de futebol deve fazer o papel de chato. Alertar sobre aquilo que poucos querem enxergar. Após os triunfos sobre Ituano, Novorizontino e Avaí a única utilidade foi devolver a dignidade a Macaca e dar folga para Felipe Moreira. Só.

Após três pontos e nove pontos conquistados, a Macaca não saiu da segunda página da classificação. Preste atenção: três vitórias foram insuficientes para deixar a equipe, no minimo, no décimo lugar. Tradução: a campanha estava muito ruim. Mesmo. É como um aluno que tira nota 01 na primeira prova e depois tira 5,5. Além de ficar longe da média, que é 7, fica explicito que existe um longo caminho.

Ninguém aqui será louco em renegar as virtudes defensivas da Alvinegra. É sua principal qualidade. Quando tem a bola no pé, a equipe ainda tem muitas debilidade. Os ataques dependem mais do brilho individual dos jogadores do que de uma jogada construída e feita na base do conjunto. Querem uma prova? Paulo Baya foi o destaques nas três vitórias. Inquestionável. Quantas jogadas foram feitas por intermédio da troca de passes ou um mecanismo que evidencie o jogo coletivo. O gol diante do Ituano é fruto de um procedimento mêcanico e bem montado em qualquer time de futebol do que algo mais trabalhado.

Sem contar que a mudança de fase não alterou a indisciplina do grupo. Ou você acha normal um zagueiro experiente como Fábio Sanches levar cartão vermelho por uma entrada feita no final do jogo? Não é.

Não há como ignorar que o Avaí, com um homem a menos, teve pressão em determinadas passagens do jogo que somente não deram resultado porque o goleiro Caíque França estava em tarde inspirada. Alguns falam da boa produtividade ofensiva da Ponte Preta. Convenhamos: só faltava a Macaca deixar de buscar o gol em uma partida em que o oponente teve um homem a menos durante boa parte do jogo.

Para brigar pelo acesso ou para fincar as bases na zona intermediária é imperioso produzir mais, jogar mais.

Sem enrolação: a Ponte Preta, na média, já joga um futebol no mesmo nível do Sport? Ou do Novorizontino? E do que o Criciúma? A Ponte Preta já produziu nesta Série B, um futebol da qualidade do Juventude ou do Vitória (BA)? Você, torcedor pontepretano, sabe que não pode se iludir. O dirigente e o treinador, lógico, querem sempre vender o melhor cenário possível.

Quem frequenta a arquibancada e não vive de ilusão sabe que existe um longo caminho pela frente. Não é hora de ufanismo e sim de pés no chão e trabalhar para produzir um futebol que esteja de acordo com as tradições da Ponte Preta. Felipe Moreira pode ficar satisfeito. Marco Antonio Eberlin pode considerar que tem a palavra final e definitiva no futebol.

Mas a atual produção da Ponte Preta é como algodão doce: pode até adoçar a boca, mas não sustenta ninguém.

(Elias Aredes Junior com foto de Frederico Tadeu/Avaí)