Especial: Grupo de Carnielli prepara ações para desidratar força política de Abdalla na Ponte Preta

2
2.124 views

A derrota para o Brasil de Pelotas em pleno estádio Moisés Lucarelli fez explodir o espiral de insatisfação e de revolta na torcida da Ponte Preta. Os 37 pontos e a ausência de reação na Série B do Campeonato Brasileiro trazem dias de dúvida e angustia. No entanto, o grupo político comandado por Sérgio Carnielli já têm o diagnóstico: a culpa está sobre José Armando Abdalla Júnior. E um plano começa a ser articulado para primeiramente contestar sua administração, desidratar sua força política e, posteriormente, retirá-lo do cargo.

A reportagem do Só Dérbi apurou que tanto o presidente de honra, Sérgio Carnielli, como os demais integrantes do seu grupo político consideram que Abdalla não tem força política própria para comandar os destinos do clube.

Sua permanência está atrelada ao apoio de Carnielli, cuja confiança foi quebrada por dois episódios. A primeira foi a saída do técnico João Brigatti, feita por Abdalla sem fazer qualquer consulta a Carnielli. Brigatti era pessoa próxima do presidente de honra e também pertencente ao quadro fixo do clube. Carnielli considerou-se vitima de traição, assim como o fato de que em entrevistas e declarações nos bastidores o atual presidente tem falado que Carnielli não tem colocado um tostão sequer no clube. Assim como fez na reunião do Conselho Deliberativo, Carnielli contesta e afirma que colocou R$ 2,3 milhões para viabilizar as inscrições no Campeonato Paulista e também para quitar obrigações trabalhistas.

Carnielli resolveu romper com o atual presidente por outro motivo: Abdalla não era o nome de sua preferência para ocupar o cargo e só surgiu porque Vanderlei Pereira, no início de dezembro, desistiu de ser reconduzido ao posto. Abdalla, por sua vez, teria sido uma indicação de Vanderlei Pereira e que, diante dos prazos apertados para indicação da composição da diretoria executiva, recebeu a concordância de Carnielli.

Diante disso, o plano do grupo político de Carnielli apoia-se em criar fatos para justificar a retirada de Abdalla. O passo inicial foi dado na reunião do Conselho Deliberativo na última segunda-feira quando um ofício assinado por 30 conselheiros fez diversos pedidos para Abdalla. O que se deseja é por intermédio dessas respostas é criar um fato para justificar a coleta de assinatura dos 20% dos sócios para a realização de uma assembleia extraordinária de sócios para decidir sobre a continuidade ou não de Abdalla na presidência do clube.

A convocação da Assembleia Geral Extraordinária é autorizada pelo artigo nono, parágrafo primeiro do Estatuto Social. Atualmente, em caso de destituição de José Armando Abdalla Júnior, o primeiro na linha sucessória seria o vice-presidente Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho. Mas devido aos seus compromissos profissionais os integrantes do grupo político de Carnielli não descartam a hipótese de saída de toda a diretoria executiva e a formação de uma diretoria de acordo com a visão política e administrativa de Sérgio Carnielli.

Uma das bases é o artigo 107 do Estatuto Social e que diz o seguinte: “Ocorrerá afastamento imediato e inelegibilidade por oito anos de gestão irregular ou temerária praticados por dirigente ou administrador que revelem desvio de finalidade na direção da AAPP ou que gerem risco excessivo e irresponsável para o seu patrimônio”.

O oficio encaminhado por 30 conselheiros pede, por exemplo, informações sobre a situação do diretor de futebol licenciado Ronaldão. A intenção é verificar se Abdalla encaminhou algum pagamento de salário ao ex-jogador o que é vedado para qualquer dirigente estatutário na Macaca. O requerimento pede dados sobre as transações e vendas com Thiaguinho, Yuri, Felipe Cardoso, Emerson, Bruno Silva e Igor Maduro para enquadrar Abdallla como condutor de gestão temerária já que, de acordo com as contas do grupo político comandado por Carnielli, essas vendas arrecadaram em torno de R$ 30 milhões, o que na visão dos conselheiros e de Carnielli seria suficiente para tocar o departamento de futebol profissional sem necessidade de aportes financeiros.

A reportagem do Só Dérbi entrou em contato com o presidente José Armando Abdalla Júnior e, assim que uma resposta for encaminhada, um novo post será feito.

(texto e reportagem: Elias Aredes Junior)