Especial: O Estatuto do Idoso e as oportunidades perdidas pelos clubes campineiros

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O torcedor de futebol é um consumidor. Tem deveres e direitos. Muitas vezes são ignorados pelos clubes. Especialmente quando o tema é a legislação especifica voltada para determinado nicho da população.

Exemplo disso é o estatuto do idoso, sancionado em 2004 pelo governo federal e que proporciona uma série de brechas e oportunidades aos homens e mulheres acima de 65 anos.

O esporte não fica atrás. O artigo 20 é explícito ao dizer que  o “o idoso tem direito a educação, cultura, esporte, lazer, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua peculiar condição de idade”, diz o trecho do trecho do texto.

Mais: é facultado o direito de descontos nos ingressos. “A participação dos idosos em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante descontos de pelo menos 50% (cinqüenta por cento) nos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais”, afirmou o artigo 22 da mesma lei.

Ponte Preta e Guarani obedecem a legislação?

Os dois asseguram que sim.

Em resposta encaminhada pela assessoria de imprensa, o clube afirma que no alviverde “não tem um programa específico, mas o Guarani busca maneiras alternativas para facilitar o acesso ao estádio dos idosos que possem dificuldade de locomoção. Uma delas é o acesso pela rampa que é disponibilizada para deficientes físicos. Neste caso, é preciso procurar um fiscal ou um orientador e relatar a situação”, afirmou a nota enviada.

Na Ponte Preta, a diretoria executiva afirmou, por intermédio da assessoria de imprensa, que a agremiação não tem políticas específicas para a terceira idade, a não ser aquelas voltadas para o acesso no interior do estádio, como a colocação de rampas, corrimão, prioridade na aquisição de ingresso e na entrada ao Majestoso.

Algumas experiências em outras cidades mostram que tanto Ponte Preta como Guarani poderiam fazer experiências e projetos voltados a terceira idade.

O Só Dérbi cita alguns casos. O primeiro é do Ituano, que no Campeonato Paulista deste ano instalou o programa “Anjos do Futebol”. Em parceria com uma empresa de recrutamento, em todos os jogos no estádio Novelli Junior, o clube disponibilizava quatro pessoas acima dos 60 anos para recepcionar os torcedores.

Há dois anos, o São Paulo, em parceria com um patrocinador, colocou pessoas de terceira idade para entrar junto com os jogadores em jogos do Campeonato Brasileiro. Apesar de restrito aos sócios, o Palmeiras promove caminhadas em dias da semana.

São Paulo, Palmeiras e Ituano comprovam que, com criatividade, é possível dar atenção e valorizar gente que já contribuiu com o desenvolvimento do país e que soube transmitir a sua paixão para outras gerações. Que Ponte Preta e Guarani mirem-se nestes exemplos.

(texto, reportagem e análise de Elias Aredes Junior)